Para cada carro que você vê na rua, há uma centena de projetos que jamais chegaram à linha de montagem. Carros que deveriam ter sido produzidos, quase foram produzidos, mas nunca foram, de fato, produzidos. Alguns deles eram inviáveis, devemos admitir, porém outros tantos estavam praticamente prontos para o sucesso. Só precisavam de um empurrãozinho. Outros ainda, eram absurdos e só poderiam existir mesmo em nossos devaneios.
Indiscutível é que todos eles mudariam para sempre a indústria automotiva mundial. Fica aqui nosso lamento, na forma de uma lista com dez carros incríveis que deveriam ter sido produzidos.
Chrysler ME Four-Twelve
Na época em que a Daimler e Chrysler ainda eram casadas, parecia que o relacionamento iria render bons frutos. A Chrysler podia aproveitar plataformas, peças e a engenharia dos caras que fizeram da Mercedes a marca mais respeitada do mundo.
Um carro que tinha tudo para dar certo era o ME Four-Twelve, nome que sigificava “motor central, quatro turbocompressores, doze cilindros”. A Chrysler chegou a fazer declarações pomposas a respeito das especificações técnicas (850 cv, 399 km/h de velocidade máxima), mas o carro só correu de verdade nos videogames.
Red Bull X1 2010
Os criadores de Gran Turismo 5 perguntaram à Red Bull Racing em 2010 o que eles fariam se pudessem projetar um carro de corrida sem restrição alguma. O carro imaginário era absolutamente doentio. Tinha um V6 biturbo de 1500 cv, pesava só 545 kg, e podia superar de longe a velocidade de um carro de Fórmula 1.
A gente só precisava entupir a Red Bull de dinheiro até que ele fosse de fato produzido, mas em vez disso ficamos jogando GT5 e comendo salgadinhos no sofá, assistindo os replays de nossas voltas em Nürburgring.
Cadillac Sixteen
A Cadillac acha que o caminho certo a seguir agora são motores de baixa cilindrada, eficientes em carros compactos e bons de volante. Besteira. O que a Caddy precisa de verdade é um carro tão grande e exibido quanto o atual topo de linha da marca, o Escalade.
Eles chegaram a construir um protótipo do Sixteen, com um motor V16 funcionante e tudo. Era um carro muito bom de estrada e seu visual era perfeito para um vilão em um filme do Batman, como constatou James May no Top Gear. Mas eles nunca o produziram.
Pontiac Banshee I
No final dos anos 50, a Pontiac era uma marca sem graça, que fazia carros para a classe média americana. No começo dos aos 60 é que a companhia americana fez uma das maiores jogadas de marketing da história do automóvel, vendendo modelos baratos, com bom desempenho e uma imagem esportiva. Carros como o GTO fizeram muito sucesso nos anos 60, e um esportivo de fato teria sido a adição perfeita para a linha na época.
A Pontac até chegou a construir dois protótipos do pequeno e bonito Banshee em 1964, mas a General Motors termia que ele rivalizasse com o Corvette.
VW Microbus
Em 2003, a VW pretendia trazer ao mundo uma van baseada na plataforma T5, na forma do belíssimo Microbus, de estilo retrô, apresentado dois anos antes. “Não”, disse a chefia. “É estiloso e desejável demais para esse mundo”.
Malditos.
Ford Interceptor
Talvez incomodados com o sucesso do imponente Chrysler 300, em 2007 a Ford pegou a plataforma do Mustang, deu uma esticada e fez um enorme full size de tração traseira, batizando-o de Interceptor. Era um carro malvadão e poderia ser um sucessor digno para o falecido – porém não esquecido – Crown Victoria. A Ford preferiu ir pelo caminho mais seguro e fazer o também gigante porém nem um pouco malvado Taurus de sexta geração.
Ford GT90
A Ford não necessariamente precisa de um novo Crown Vic, e nem precisava de verdade de um novo GT40 em 1995, quando revelaram esse conceito quadriturbo com motor V12. TODO garoto que jogava Need For Speed 2 sonhava com um desses noite após noite, mas era um carro complicado e nunca teria feito sucesso. No entanto, supercarros não foram feitos para lucrar, e é impossível olhar para essa máquina e não desejar do fundo do coração que ela tivesse sido produzida.
Corvette com motor central
A gente adora o desempenho de supercarro por uma fração do preço que o Corvette trouxe, com seu layout simples de motor dianteiro. Ainda assim, se o Vette quer se tornar um esportivo de alto escalão, ele deveria ter atributos de um projeto mais moderno. Isso quer dizer: o motor tinha que estar atrás do motorista. Conceitos e protótipos assim existem desde os anos 60, todos absurdamente lindos e desejáveis.
Holden Hurricane
A Holden é daquelas marcas que a gente daria um rim para ter no Brasil. Em 1969, esta divisão australiana da General Motors apresentou uma tentativa de combinar novas tecnologias – a maioria vinda do setor aeronáutico – em um novo conceito de esportivo. O resultado foi o Hurricane, um belíssimo perfil em cunha com equipamentos de ficção científica para a época, como sistema automático de combate a incêndios, câmera de ré e um tipo primitivo de navegador de rotas.
Além de bonito, o Hurricane era movido por um V8 quadrijet que acabaria servindo de base para todos os V8 da marca até o final do século 20.
DKW Fissore V6
O Fissore, lançado em 1964, foi o primeiro e último carro de luxo da DKW-Vemag no Brasil. Herdou o nome da empresa que italiana que desenvolveu sua carroceria, feita sobre o mesmíssimo chassi dos outros modelos da marca. Herança, também, era o motor dois-tempos de três cilindros, porém com um sistema de lubrificação que pela primeira vez dispensava a mistura do óleo diretamente no combustível.
Aconteceu que o carro era muito bonito e espaçoso, só que pesava quase 100 kg a mais do que os 940 kg do Belcar, por exemplo. O motor de 57 cv era subdimensionado para o Fissore, mesmo que o sedã só recebesse os motores que se saíam melhor nos testes em dinamômetro. A solução óbvia era a adoção de um motor maior. Até havia um forte candidato: o V6 dois-tempos desenvolvido na alemanha pela Auto Union. Mas quando a Volkswagen comprou a Auto Union o projeto foi cancelado. Talvez por isso a vida do Fissore tenha sido tão curta – em 1967 o último dos 2489 exemplares deixava a fábrica.
Um ano antes, em 1966, era lançado o primeiro Puma. O pequeno esportivo usava o mesmo motor dois-tempos dos DKW. Só podemos imaginar o quão diferente seria a história da célebre fabricante de esportivos em fibra de vidro caso o V6 estivesse disponível…
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