4 de jun. de 2012

iPod, iPhone, iPad… que tal um iCar?


iMove 620x346 iPod, iPhone, iPad... que tal um iCar?
Em todos os ramos existem as empresas que buscam ser referência no seu segmento. Dentre os carros, por exemplo, a Porsche  é o que toda marca de esportivos gostaria de ser. Criatividade, paixão, tecnologia, engenharia, design e boa dose de arte são ingredientes da receita. No caso da Apple, no ramo de tecnologia, além destas características, a principal, que criou o jeito Apple de ser, foi a simplicidade.
Nem todos sabem, mas Steve Jobs chegou a se reunir com alguns presidentes de montadoras para discutir a possibilidade de criar um carro da Apple.  Essa ideia acabou não saindo do papel, mas o designer Liviu Tudoran fez um protótipo virtual, com desenho que lembra o mouse do Macintosh, um dos ícones da empresa fundada por Jobs.
O carrinho foi batizado como iMove, cujo projeto previa fabricação com material fotocrômico, capaz de ajustar a cor exterior de acordo com o gosto do motorista. Com apenas três lugares, também contava com cintos de segurança para as bagagens e ampla área envidraçada, colaborando com a visibilidade. Se um dia o iMove vai se tornar realidade, ninguém sabe ainda.
O que se sabe é que Jobs admirava a indústria automobilística por venderem como ele, um  produto integrado (carroceria, chassis, motor, câmbio etc) e com vários elementos que podiam ser personalizados (cor, sistema de som, motorização etc). E esta admiração parece ser recíproca. No início deste ano, a VW assumiu que quer ser a Apple dos Autos.
Vários protótipos de carros, de diversas marcas, têm surgido com a aplicação do iPad como uma central multimídia removível. E a Mercedes-Benz pretende integrar o iPhone ao sistema multimídia de seus carros em breve.
Enquanto esperamos pelo iMove, vamos imaginar algumas ideias e procedimentos que Steve Jobs lançou mão na Apple, aplicados na Indústria Automobilística de hoje:
  • Acabamento impecável
Steve Jobs tinha obsessão por perfeição, a ponto de quase deixar maluco seu amigo e sócio fundador da Apple, o grande engenheiro eletrônico Steve Wozniack, que criou a placa com os circuitos que deram origem ao Apple I e ao Apple II. Mesmo escondida, Jobs o pressionou a fazê-la bonita e de aspecto limpo. Sua inspiração eram os gabinetes de cozinha que seu pai adotivo Paul Jobs produzia, com madeira nobre até na peça que ficaria escondida em contato com a parede. Literalmente, até os parafusos, para Steve Jobs deveriam ser perfeitos, polidos e atraentes. E apenas poderiam ser retirados com chave-de-fenda própria. Apenas em supermarcas como Aston MartinBentley e Rolls Royce e em alguns modelos ingleses e alemães o capricho deve chegar a tanto!
  • Propaganda
Desde o maquinário das fábricas, que Steve quis colorido, até os anúncios para revistas, TV, jornal e outras mídias deveriam contar com seu aval. Já reparou que poucos comerciais com carros inovam ou nos chocam positivamente nos tempos atuais? O comercial do Macintosh em 1984 durante o SuperBowl, marcou história. Nele uma jovem que poderia ser uma andróide lançava um martelo olímpico numa tela de cinema que explodia, interrompendo um discurso de lavagem cerebral sobre o futuro da informação e da tecnologia.
  • Detalhes na apresentação do produto
Quer mais? Desde o Macintosh, quando a Apple já gozava de fama e boa reputação, aembalagem deveria ser especial, de modo a ser retirada com carinho sem ser rasgada, para que o cliente encontrasse o produto alli, em repouso, esperando por ele! Como carro não tem embalagem, boa recepção e entrega feita por uma equipe treinada com muita atenção e alguns mimos como DVD, flores, um Certificado, por exemplo, fazem com que o cliente se sinta especial! Mas não adianta fazer isso e relaxar no pós-venda não é?
  • Design: Forma + Função + Emoção
Design e arte eram uma paixão intuitiva para Steve que não era designer por formação. O conceito de quadrado-redondo do Kia Soul e do Fiat Novo Uno era uma forma geométrica que adorava. Tanto que ao criar ícones e a calculadora customizável do Macintosh, em conjunto com a então pequena Microsoft, fez questão de levar membros da equipe de design para uma volta pelas ruas próximas para mostrar placas de trânsito, faróis de automóveis, fôrmas de bolo e outros catorze objetos retangulares com cantos arredondados. Esta forma era o Estado da Arte, dizia ele. Reparem que este é o formato doiPhone e do iPad.
Mas além de forma, tudo deveria ter função. E ser simples e intuitivo. De preferência sem ruídos (aboliu ventiladores das máquinas) e sem muitos botões. Inclusive o botão liga-desliga seria eliminado mais adiante, de modo que um toque no dispositivo o despertasse do estado de hibernação. Uau, será que os carros ficarão assim com a chegada dos elétricos?
E a busca de Jobs era não apenas por forma e função, mas por algo mais, Tanto que ele lança um concurso mundial para escolher a linguagem de design da Apple, em 1982. O vencedor foi o alemão Hartmut Esslinger que veio para a Califórnia pôr em prática odesign clean e de cor branca com forma, função e emoção, segundo definia o germânico.
  • Profissionais com paixão pelo ramo em que atuam
E os produtos do dia-a-dia de Steve Jobs deveriam seguir a cartilha da perfeição. Adoravaluminárias perfeitas e articuláveis, facas que não perdiam o corte, móveis perfeitos, lindos pianos, motos BMW e carros da Mercedes-Benz, que apreciava por transmitirem robustez e esportividade associadas a um design limpo e duradouro. Motivos que o levaram a ter vários carros da marca – SL450, S63 e SL55.
Por não conseguir encontrar móveis perfeitos o suficiente, por anos a fio, sua mansão em Palo Alto, Califórnia ficou sem móveis, contando apenas com um tapete, uma luminária e um piano. A indústria automobilística precisa reencontrar profissionais com esta paixão para desenvolver produtos de massa, não apenas supercarros!
Para instigar a paixão de seus funcionários, Steve  chegava ao extremo de criar times “rivais” na empresa, como o time Lisa e o time Macintosh, de modo a forçar  seus melhores profissionais a dar tudo de si e mais um pouco! Nesta fase da Apple destaca-se Andy Hertzfeld da equipe original do Macintosh. O time com as melhores solluções seria premiado com festas e passeios de iate. Já pensou que legal a VW criar times assim para criar um novo popular?
  • Sem cortes de custo e com lucratividade justa
Mas hoje parece que tudo esbarra em custo. Visando a lucros cada vez maiores e produtos sem emoção.
E por falar em lucro, Jobs criticava duramente IBM, Microsoft e Dell por visarem mais a lucro do que excelência. Para Jobs, a Apple queria vender uma experiência completa e inesquecível ao consumidor. E um bom hardware equipado com programas ruins ou vice-versa não seriam dignos do jeito Apple de ser.
  • Experiência completa e fidelidade à marca
Mais tarde, com a loja virtual iTunes para a venda on-line de músicas, vídeos e apps (pré-aprovados rigorosamente) e com as lojas físicas Apple Store, com chão de mármore italiano, vidros feitos sob medida e escada com desenho patenteado, sua obsessão nesta experiência foi levada ao último degrau, o do ambiente de compra e atendimento. Tudo que as concessionárias de carros e motos deveriam ser, ainda mais aqui que compramosCelta a preço de Corolla em muitos países.
  • Educação de qualidade
A filosofia de sua empresa, segudo o próprio Steve, combinava perfeitamente com aEducação do futuro:  reunir ideias, trabalhar arduamente, adicionar arte e mágica e usar tecnologia de modo a criar o futuro. Sem descartar intuição. E inovar sempre. “A inovação é o que distingue o líder dos seus seguidores”. De um almanaque que lia quando jovem, tirou uma frase, impressa abaixo da foto de uma estrada sem fim na contracapa: “Stay fool, stay hungry” – Seja sempre ingênuo, seja sempre faminto (por aprendizado).
  • Conhecer seu cliente como nem ele se conhece
Lendo isto, pode parecer que a Apple fazia inúmeras pesquisas de mercado para saber os anseios do consumidor, seus materiais preferidos e funções dos aparelhos. Mas nunca o fez. Steve não acreditava em pesquisa de mercado. Questionado, citava Henry Ford que dizia que consumidores não sabem o que querem. “- Se eu tivesse perguntado a eles o que queriam, muitos teriam dito que precisavam apenas de um cavalo mais rápido”, dizia Henry Ford.
Desse modo, a cor branca, ou Pure White, incluindo o fio do iPad, o vidro de alta tecnologia do iPhone, o Gorilla Glass, e o uso de alumínio iodizado e escovado foram idealizados por Jobs e pelo designer inglês Jony Ive, contratado pela Apple quando Steve esteve afastado dela por doze anos, mas cujo talento Steve Jobs soube reconhecer e salvar do entulho que encontrou na companhia quando retornou. Ive, junto com Steve foi responsável pelo desenvolvimento e design de todos os dispositivos “i”.
  • Time Classe A
Outra premissa de Jobs para alcançar tamanho sucesso era a de contar com profissionais que fossem os melhores naquilo que fizessem, não importando tanto a experiência curricular deles mas algo real que tivessem produzido. Assim também foi com Tony Fadell,.engenheiro cyberpunk trazido para a Apple em 2001 para desenvolver o iPod e com outros profissionais que seriam os responsáveis por montar a loja virtual, as Apple Store físicas, o departamento de software para dispositivos móveis e assim por diante. Em alguma coisa a indústria automobilística “de massa” tem falhado, pois apesar de só contratar engenheiros ditos talentosos, seus produtos estão cada vez piores, com uma avalanche de recalls nunca vista.
Talvez porque o departamento de RH delas não consiga enxergar paixão pelo produtocarro, apenas qualificação acadêmica e capacidade de cortar custos dos profissionais.
  • Alianças corretas
Outro ponto importante foi a capacidade de se fazer boas alianças, com Adobe, Microsoft, Gorilla Glass e Intel, por exemplo. Jobs disse a Bill Gates, após acertarem a parceria para produção de Pacote Office para o Mac em 1997 : “O mundo será um lugar muito melhor depois disso!”. O que mais existe na história da  Indústria Automobilística são exemplos de parcerias malfadadas (DaimlerChrysler, Autolatina, Suzuki-VWFiat-GM).
  • Reinventando a roda
Nas últimas páginas da Biografia de Steve Jobs, com quase 700 páginas, o jornalista-biógrafo Walter Isaacson chega à conslusão que o grande legado de Jobs não teria sido inventar, mas revolucionar o que já existia, mudando para sempre seis indústrias: a dos computadores pessoais, a dos filmes de animação (com a Pixar Studios), a de música, a de telefones, a de tablets e a de publicação digital. E pode-se dizer que não reinventou mas repensou as lojas de varejo, com as Apple Store físicas.
Além disso, ele abriu o caminho para um novo mercado de conteúdo digital com base emaplicativos (App Store do iPhone, no iTunes). “A App Store criou uma nova indústria da noite para o dia. Em garagens, em repúblicas de estudantes e em grandes empresas de comunicação, programadores inventavam e continuam inventando diariamente novos aplicativos”, disse Isaacson.
  • Todo mundo merece uma segunda chance
O jornalista e biógrafo Isaacson acrescenta: E ao longo do caminho, não somente criou produtos transformadores, mas também, em sua segunda tentativa, após ter sido afastado da Apple de 1985 a 1997, (re)construiu uma empresa duradoura, dotada de seu DNA, que está cheia de designers criativos e engenheiros intrépidos capazes de levar adiante sua visão.(The New iPad foi lançado após seu falecimento). E dizem que uma TV da Apple está a caminho.
Imagine se ele não tivesse tido esta segunda chance em 1997, heim!? Ou a primeira ao ser contratado pela Atari no início da carreira? Ou seja, nós consumidores estamos dispostos a dar uma segunda chance à Indústria Automobilística, não estamos pessoal? Um jeito Apple de ser aplicado aos carros seria muito bem vindo, não seria?

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