11 de jul. de 2012

Primeiras impressões: Subaru BRZ 2013


O Subaru BRZ é “O Carro Que Sempre Pedimos”. Bem, na verdade ele é “O Outro Carro Que Sempre Pedimos Depois Que Exigimos O Cadillac CTS-V Station Wagon”. Mas quem prestou atenção aos nossos pedidos? A verdade é que ele é muito bom, mas será que ele é tão bom quanto esperávamos? Veja o que descobrimos.


Nota: a Subaru queria tanto que nós guiássemos o BRZ que me mandou para um hotel de bacana no sul da França. Pela experiência, poderia ter dormido em um acampamento ao lado de um lixão.
É um conceito automotivo escasso nos últimos anos: um cupê leve de tração traseira com o charme de um hot hatch bem ajustado e a pegada de um supercarro. Um que não tenha as casas decimais de um Porsche, ou mesmo um Lexus, ou até mesmo um Camry. A boa notícia? A Subaru não só materializou a ideia, como também cumpriu com as promessas feitas ao longo do caminho. E considerando quantas páginas foram dedicadas ao carro antes de seu lançamento, é impressionante que tenha feito jus às expectativas.
Mas antes de começar, já adianto que o BRZ é lento. Considerando quanta velocidade se pode encontrar nos pátios das concessionárias hoje em dia, os sete segundos no 0 a 100 estão bem longe de impressionar. Mesmo assim, em nenhum momento na história recente do automóvel a velocidade em linha reta importou tão pouco para a experiência de se pilotar um grande carro.




O segredo é o mínimo de concessões, e uma simples e inquestionável razão de existir – ser leve e divertido. Com uma lista de prioridades tão curta, os engenheiros aparentemente gastaram mais tempo em voltas de ajuste na pista e serras que acumulando olheiras em frente ao CAD projetando sistemas elaborados de amortecimento e estabilidade para manter um peso colossal sob controle. É CTS-V, você sabe o quanto nós gostamos de você, mas…
O resultado é um carro que recompensa uma boa habilidade ao volante mas não a exige; um carro para um motorista que quer melhorar, mas também quer aproveitar o tempo enquanto melhora. É um carro que qualquer um pode lançar em uma curva, acelerar e sair dela, rindo durante todo o trecho.
Nenhum outro carro em sua faixa de preço (tirando talvez seus irmãos de projeto) se comunica e responde tão bem aos comandos do motorista, sem parecer forçado. Muito disso devido à aderência mecânica – como se o controle de tração ajustável estivesse ali apenas para satisfazer o Dráuzio Varella. O BRZ é tão equilibrado e controlável que até parece mais seguro na opção “quase desligado”. Quando foi a última vez em que você pode dizer isso de um carro?
Se você ainda não estourou uma garrafa de champanhe e feito uma dancinha da vitória com a cintura e urrado feito um animal no cio para comemorar a existência de um carro assim, você não merece o que mais possa surgir dessa mesma plataforma. E temos certeza que isso é só o começo.

Exterior



O visual do BRZ, cortesia dos projetistas da Toyota, na minha opinião é um pouco questionável. Mesmo assim, ele tem um capô baixo e compartilha algumas curvas básicas com a Maserati GranTurismo e outros GTs clássicos. Detalhes que incluem arcos de roda destacados, linhas de cintura que ganham forma até se encontrar com a linha do teto – formando algo que lembra metade do olho de Nefertiti na coluna C – e uma relação agradável entre a inclinação do para-brisa com a curvatura do teto.


Interior

Limpo e pronto para aventuras, o interior do BRZ não te atrapalha com qualquer coisa não relacionada à direção. Há um conta-giros legível, bancos com bom apoio, um volante confortável com diâmetro reduzido, uma alavanca precisa e pedais bem posicionados. Os lugares em que você vai tocar a maior parte do tempo têm os melhores materiais, e vice-versa – como deve ser em um carro acessível. Além disso, um adulto de medidas normais se acomoda confortavelmente (http://jalopnik.com/5874915/can-you-fit-in-a-subaru-brz) no banco do motorista.

Aceleração


Qualquer um resmungando sobre a aceleração do BRZ – que é mais lento que um GTI, um MazdaSpeed3 ou um Civic SI – que vá catar coquinhos no Saara. O BRZ não é lento – como, por exemplo, uma Kombi refrigerada a ar. Ele leva o seu tempo, como “Revolution Rock” do The Clash. Lento quanto um bom churrasco. Ou seja, lento com (bom) gosto. A curva de torque relativamente plana entre cerca de 3.000 e a faixa vermelha na casa dos 7.400 rpm lhe dá um bom gás entre as curvas em estrada da segunda a quarta marchas, desde que você não desista do acelerador.


Frenagem

Os discos de 11,6 polegadas (com dois pistões nas rodas dianteiras e um nas traseiras) oferecem uma boa capacidade para desacelerar o baixo peso do BRZ, que permaneceu firme, ainda que um pouco “cheiroso”, durante uma sessão estendida de curvas, desacelerações e técnicas de cozimento com óleo de freio pelos Alpes-Maritimes. Não encontrei problemas com punta-taccos e frenagens com o pé direito. Um teste mais centrado no comportamento em pista, incluindo frenagens com o pé esquerdo talvez revele outro resultado.


Rodar

Uma mistura gratificante de firmeza e adaptabilidade que não é cansativa em trechos longos e variados por pavimentos imperfeitos até no meio das curvas. Algumas pessoas questionaram a opção da Subaru por pneus com baixa resistência à rolagem (o mesmo oferecido como opcional no Toyota Prius, como os críticos gostaram de repetir), mas os Michelins ofereceram uma aderência decente em meio às temperaturas amenas durante nosso teste, mas nada além disso, se é que você me entende. A boa notícia é que, se o seu plano é baixar tempos na pista, você consegue levar um jogo completo de pneus na traseira depois que rebater os bancos. Adeus caçamba de pneus.


Controle

O BRZ é um dos carros mais recompensadores – em qualquer faixa de preço – ao volante em uma estrada de serra. Com o controle de tração reduzido (ou desativado), a máquina passa da aderência total para um deslizar de forma controlável progressivamente, permitindo o uso do acelerador em plena curva. A assistência elétrica veio para ficar nos volantes, mas o sistema do BRZ é ágil e preciso e nunca parece sedar os comandos, oferecendo diversão em bicas. No final, é a melhor sensação ao volante em qualquer carro que não carregue o nome Porsche. Cinco modos de controle de estabilidade? Exagero. Ele precisa de apenas dois, e olhe lá – ligado e desligado.


Transmissão



Para ser sincero, a opção automática não é completamente chata, e no modo sport, o software dá um toquinho no acelerador nas reduções, e oferece um controle decente sobre as marchas (quem precisa mais do que a segunda e terceira afinal de contas?). Mas nem é preciso dizer que não optar pelo manual é como ir à Nápoles para comer no Pizza Hut.


Áudio

Eu provavelmente devia ter gasto mais tempo brincando com o sistema de som com oito caixas, e menos tempo apreciando as vicinais francesas. O iPhone do meu colega de teste estava ligado (então havia uma porta USB), mas eu não lembro da música. Hmm, peraí, acho que ouvi New Order, mas talvez tenha vindo de um Citroën C4 na outra direção. E Bluetooth, sim, esse mesmo. Tenho quase certeza que tinha isso também.


Mimos

Pode parecer óbvio, mas o BRZ é o brinquedinho número um para viciados em track days ou autocross. A parte traseira do habitáculo foi projetada para levar quatro pneus (e rodas) extras, um conjunto de ferramentas e um capacete, e o painel de instrumentos foi pensado com espaço para uma gaiola. Com tudo isso, o sistema de GPS vem de fábrica na versão básica. Por mais dois mil dólares nos EUA você leva bancos mais esportivos revestidos com algo que lembra Alcântara, um spoiler, cujo desenho me lembrou da era a jato, e outros detalhes. Mas se você está procurando por uma avalanche de tecnologias de ponta e recursos eletrônicos, continue procurando.


Custo/diversão



Pelos US$ 25.000 cobrados nos Estados Unidos, o BRZ é uma pechincha graças ao seu posicionamento único no mercado – não há nada tão divertido de guiar – e tão pensado para ter uma condução divertida – pelo valor. Peraí, não é bem assim. Há uma versão Toyota/Scion que é tão boa quanto. A única ressalva é a recomendação de gasolina 93 octanas para alimentar a taxa de compressão de 12,5:1.

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