14 de jul. de 2012

Nissan capricha no visual da versão SR para melhor a imagem do March no Brasil



Não têm grandes segredos. Para um modelo de entrada encontrar algum respaldo no consumidor brasileiro, ele precisa oferecer visual simpático e preço baixo. E esse é o básico. Mas, para ganhar um pouco de imagem, são necessárias algumas qualidades adicionais, como uma boa lista de equipamentos e uma motorização convincente.
Em si, as versões completas ou mais potentes nem vendem muito, mas ajudam a dar prestígio às versões menos favorecidas. A Nissan entendeu direitinho esta equação. E a aplicou ao compacto March. Na base da pirâmide estão as versões 1.0 “peladas”.
Já no topo está a SR 1.6. Completa como é, esta configuração até tem um bom custo/benefício. Mas o que interessa é estar bem equipada e ter aparência e comportamento ligeiramente nervosos – para os padrões de modelos compactos.

March SR não oferecia muito além de espalhar uma imagem mais jovial na linha. Alcança apenas 5% do total das vendas do modelo – algo como 180 em um universo de 3.600 unidades do March vendidos todos os meses. Mesmo assim, é um auxílio interessante para um carro que precisa ganhar participação no mercado brasileiro.
E, aos poucos, vem conseguindo. Neste ano, o March já é o décimo-sexto automóvel de passeio mais vendido do país. Fica à frente de modelos como Chevrolet PrismaHonda Fit e CitroënC3. E é o principal responsável por fazer de 2012 o melhor ano da história da Nissan no Brasil.
Nos seis primeiros meses do ano, a participação da marca japonesa atingiu os 3,56% e deixou as comPatriotas Honda e Toyota para trás. Com esses números, o mexicano March também se tornou o carro importado mais vendido do país.

Mesmo com dois anos de mercado na Europa – onde é chamado de Micra –, é com o compacto que a Nissan pretende continuar o seu crescimento no Brasil. A sua produção já foi confirmada para a nova fábrica que a marca está construindo em Resende, no estado do Rio de Janeiro.
As atividades estão programadas para ter início em 2014 e a unidade industrial terá capacidade de produzir 200 mil carros/ano. Ou seja, quando for feito em solo brasileiro, já estará na hora de realizar o face-lift de meia-vida no hatch.
Por enquanto, nada programado. Assim, o March deve manter o visual simpático e com cara de personagem de desenho japonês, com faróis arredondados, discreta grade dianteira e uma generosa entrada de ar no para-choque. De lado, o modelo ostenta um perfil “bolha” no melhor estilo hatch redondinho.


Atrás, as lanternas são discretas. A topo de linha, a SR 1.6, traz também alguns detalhes que tentam realçar a veia esportiva e descontraída do compacto. É o caso dos spoilers dianteiro e traseiro, saias laterais, aerofólio e rodas de 15 polegadas. Outros incrementos são apenas visuais, como ponteira do escapamento cromada, retrovisores com pintura especial e adesivos na carroceria.
Para cumprir a promessa de melhor desempenho, a marca até foi longe. Resolveu não utilizar o motor 1.6 que a parceira Renault já usa no Brasil – com configurações de oito e 16 válvulas. Trouxe um 1.6 feito pela própria Nissan, que gera 111 cv e 15,1 kgfm de torque tanto com etanol como com gasolina e tem comando variável de válvulas na admissão. Este motor, por sinal, está disponível apenas na dupla March/Versa no Brasil.
O esportivo SR 1.6 é o mais caro da gama, mas vem praticamente igual à SV 1.6 em termos de equipamentos. Traz airbag duplo, direção elétrica, ar-condicionado, computador de bordo, trio elétrico e rádio/CD/MP3 com quatro alto-falantes por R$ 37.190, R$ 1.800 a mais que o SV. As diferenças são basicamente visuais. Elemento indispensável em um carro que tenta mostrar um ar mais arrojado.

Ponto a ponto

Desempenho – A versão com detalhes esportivos do March acelera com grande desenvoltura. E a razão é simples. O motor nem é tão potente, tem 111 cv e 15,1 kgfm de torque, mas como tem peso baixo – apenas 964 kg –, a relação peso/potência é bem favorável ao compacto daNissan. São 8,68 kg/cv, índice bastante generoso. Dessa forma, é só pisar fundo que o pequeno hatch responde. Acima de 4 mil giros, quando o torque chega à sua totalidade, o March fica bastante agressivo. Nota 9.
Estabilidade – O March é até bom de curva, com boa rigidez torcional e suspensão bem calibrada. Mas os pneus de perfil 60 não estão à altura do desempenho do carro. E nesta configuração topo de linha e com proposta esportiva, ele vem equipado com pneus 175 da marca chinesa Maxxis. São muito estreitos para aguentar a boa potência do motor e também uma tocada mais esportiva. Dessa forma, as saídas de frente são comuns e o carro desliza mais que o desejável. Não chega a comprometer a segurança, mas deixa o carro bem menos divertido. Nota 7.
Interatividade – O March tem boa visibilidade do painel de instrumentos e a transmissão com engates precisos, apesar de um pouco secos. A direção elétrica é leve, o que ajuda nas manobras, mas não é muito comunicativa – pecado em um carro com apelo esportivo. Os retrovisores são pequenos e dificultam a visibilidade. O resto do interior é bem acertado, com todos os comandos em lugares tradicionais e de fácil acesso. Nota 7.
Consumo – O Nissan March SR 1.6 marcou a boa média de 9,4 km/l de etanol. O InMetro ainda não fez medições do modelo. Nota 8.

Conforto – Não é o forte de um compacto urbano. O March até tem um espaço interno honesto, mas leva apenas quatro adultos com algum conforto. Até uma criança ficaria apertada no lugar central traseiro. A suspensão é bem calibrada para o solo brasileiro e não incomoda nem nos buracos maiores. O péssimo isolamento acústico explica em parte o baixo peso doMarch. Tanto o barulho do motor quanto os ruídos aerodinâmicos e dos pneus entram na cabine sem qualquer cerimônia. Nota 5.
Tecnologia – Desde a versão mais barata, o March já vem com airbag duplo. Por outro lado, o ABS não é oferecido sequer como opcional. Nem mesmo na configuração 1.6 SR, topo de linha, a mais recheada da gama. De destaque em relação às outras, o March SR tem rádio/CD/MP3 com entradas auxiliares e quatro alto-falantes, rodas de liga leve de 15 polegadas e visual mais esportivo. A arquitetura também é moderna. É a segunda geração da versátil plataforma B-Zero, batizada de Nissan V. Nota 8.
Habitalidade – O March tem um teto alto, o que melhora o espaço para cabeças e ombros dos ocupantes e também facilita os acessos. O tamanho e os vãos de abertura das portas são apenas suficientes. O porta-malas está na média do segmento e leva 265 litros. A cabine tem uma boa quantidade de porta-objetos, principalmente no console central. Nota 7.
Acabamento – O interior do March é, no máximo, aceitável – levando-se em conta o preço. Os materiais são de baixa qualidade e transmitem fragilidade. A maioria dos encaixes são corretos, mas há rebarbas aparentes, como no encaixe da tampa do airbag do passageiro e na cobertura da coluna de direção. Outro ponto que prejudica o March é a escolha de um desenho simples demais e pouco ousado. Assim, o compacto acaba passando a imagem de ser mais pobre do que realmente é. Nota 5.
Design – De uma maneira geral, as linhas do March são um tanto sem graça. Não chega a ser feio, mas só vai conseguir encantar pela simpatia. A versão SR tenta dar um ar mais esportivo ao hatch, com adesivos, aerofólios e outros apêndices aerodinâmicos. O resultado é um carrocom mais personalidade, mas que ainda se perde na multidão. Nota 6.
Custo/benefício – Entre os compactos nacionais, o Fiat Palio e o Ford Ka também contam com versões esportivas. O Ka Sport 1.6 é mais barato, mas tem a limitação de ter apenas duas portas e ser um projeto antigo. Já o Palio Sporting 1.6, com alguns opcionais, supera facilmente os R$ 40 mil, mas traz algumas mudanças mecânicas na suspensão. O March SR 1.6 custa R$ 37.190 e consegue aliar bom desempenho a uma boa lista de equipamentos e um projeto moderno. Nota 8.
Total – O Nissan March SR 1.6 somou 70 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir - Essência nervosa

Para fazer um carro com desempenho esportivo, a engenharia da Nissan não precisou de muitas horas de trabalho. Muito pelo contrário. Quem mais trabalhou no desenvolvimento da versão SR 1.6 foi a turma do design, criando apêndices aerodinâmicos e adesivos para espalha pela carroceria. O fato que transforma o March SR em um hatch bem rápido e agradável de conduzir é uma simples regra da física: quanto maior a potência e menor o peso, mais velocidade. E diversão.
Portanto, o mesmo motor 1.6 do Versa e até de outras configurações do próprio March foi utilizado. E, diferentemente do sedã, o comportamento é muito mais arisco. O pequeno hatch acelera com ótima desenvoltura. Ele se beneficia principalmente de seu baixo peso, são pouco mais de 960 kg, para ser esperto em diversas situações do trânsito.
O torque máximo de 15,1 kg aparece em sua totalidade aos 4 mil giros, mas pouco acima das 2 mil rotações já é possível perceber o motor puxando com mais vitalidade. O vigor é facilmente ouvido do interior, já que o isolamento acústico é bem falho.

O câmbio não tem mistérios. A embreagem tem peso correto e os engates são precisos, mas fazem um barulho desagradável nas trocas. É possível alcançar os primeiros 100 km/h em pouco mais de 10 segundos. Boa marca para um carro de menos de R$ 40 mil.
A situação é um pouco diferente no comportamento em curvas. A carroceria até rola pouco nas mudanças de direção e o carro mantém a compostura de maneira decente. As frenagens e acelerações mais bruscas não resultam em grandes embicadas ou empinadas, por exemplo.
Mas os pneus escolhidos pela Nissan são insuficientes para um modelo de pretensões esportivas. São muito finos, de medida 175/60, e da marca chinesa Maxxis. A título de comparação, rivais como Fiat Palio Sporting e Ford Ka Sport usam Pirelli P7 com 195/55. Assim, o March acaba escorregando demais e perdendo a dianteira nas manobras mais ousadas.

Por dentro, a originalidade do March SR se reduz ao painel pintado de preto. Isso significa que o aspecto simplório continua presente. Assim como em seus concorrentes, os materiais são plásticos rígidos em sua grande maioria, mas no modelo da Nissan, a impressão de pobreza é muito maior. O desenho é muito simples, sem grandes soluções e muito acanhado, e algumas rebarbas estavam aparentes.
O espaço interno é outro que não impressiona. Os dois adultos da frente até vão com alguma dose de conforto, principalmente na área dos ombros e cabeça, mas atrás, a coisa muda de figura. Como é comum nos modelos desta categoria, não é muito aconselhável levar três adultos no assento traseiro.

Ficha técnica - Nissan March SR 1.6

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência máxima: 111 cv com gasolina/etanol a 5.600 rpm.
Torque máximo: 15,1 kgfm com gasolina/etanol a 4 mil rpm.
Diâmetro e curso: 69,0 mm X 66,8 mm. Taxa de compressão: 10,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos.
Pneus: 175/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Não oferece ABS nem como opcional.
carroceria: Hatch compacto em monobloco com cinco portas e cinco lugares. Com 3,78 metros de comprimento, 1,66 m de largura, 1,53 m de altura e 2,45 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série. Não oferece airbags laterais ou de cortina.
Peso: 964 kg.
Capacidade do porta-malas: 265 litros.
Tanque de combustível: 41 litros.
Produção: Aguascalientes, México.
Lançamento mundial: 2010.
Lançamento no Brasil: 2011.
Itens de série: Ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico, airbag duplo, rádio/CD/MP3 com entrada auxiliar, quatro alto-falantes, banco do motorista e volante com regulagem de altura, computador de bordo, rodas de liga leve de 15 polegadas e detalhes estéticos na carroceria.
Preço: R$ 37.190.
Prós:
# Desempenho
# Preço
# Tecnologia
Contras:
# Design
# Acabamento
# Isolamento acústico








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