14 de jul. de 2012

Avaliação do Peugeot 408 THP



Satisfeita com a receptividade ao motor turbinado que equipa o 3008, a Peugeot resolveu a ampliar a oferta do propulsor em sua gama. Com isso, o segundo escolhido para levar o eficiente 1.6 THP – de Turbo High Pressure – foi a versão topo do sedã 408, a Griffe – além dele, o sedã 508 e o esportivo RCZ também usam o premiado motor.
A marca espera que a novidade sirva para agregar valor e tecnologia ao modelo. Ele não veio para fazer o 408 disparar nas vendas. A ideia é oferecer uma opção mais refinada, com motor mais moderno e aos poucos conseguir aumentar o volume de carros vendidos no Brasil com o trem de força mais atualizado – por enquanto importado da França para a linha de montagem em El Palomar, na Argentina, onde o 408 é produzido.
Para tanto, Peugeot adota uma tática agressiva para encaixar o THP no disputado segmento dos sedãs médios. O preço é praticamente o mesmo que o da versão Griffe com motor 2.0 flex e câmbio automático. Assim, a marca deixa claro que é uma escolha do comprador entre levar um conjunto mais tradicional ou um carro com motor mais moderno e uma faceta esportiva mais destacada.


A lista de equipamentos é idêntica e muito bem fornida. Pelos R$ 74.900 que a marca pede pelo Griffe THP – o Griffe 2.0 sai por R$ 75.300 – ele vem com praticamente tudo de série. Dos bancos em couro ao sistema de som com navegador por GPS. O único opcional é o banco do motorista com regulagens elétricas, que acrescenta R$ 2 mil ao preço inicial.
Mas é sob o capô que está o diferencial da versão. Ali funciona o moderno 1.6 da família Prince, desenvolvido em conjunto com a BMW – é o mesmo que equipa a linha Mini. Ele desenvolve 165 cv a 6 mil rpm e bem-dispostos 24,5 kgfm de torque a somente 1.400 rotações – o 2.0 fornece 22 kgfm a 4 mil rpm.
Sempre associado ao câmbio automático e seis marchas, ele é capaz de levar o sedã do zero aos 100 km/h em 8,3 segundos e à velocidade máxima de 213 km/h. O desempenho não chega a ser arrebatador, mas fazem jus ao valente 1.6. Suspensão e freios – a disco nas quatro rodas – se mantiveram inalterados em relação à versão flex.


Por fora, o 408 THP é exatamente igual às outras variantes do sedã argentino. Apenas um discreto emblema na tampa traseira em alusão ao motor identifica o modelo. O desenho inspirado tem linhas elegantes e bem finalizadas, com traços certamente mais atléticos que concorrentes mais sisudos, como o Volkswagen Jetta.
Os grandes e belos faróis parecem jóias, com os projetores elípticos e direcionais de luz de xenônio. A ausência de grade dianteira dá um ar mais limpo à frente do carro. Toda a tomada de ar é feita pela abertura principal do para-choque. Além do pequeno emblema, a versão ganhou rodas diferentes da Griffe 2.0, mas que mantém as mesmas 17 polegadas da versão com 151 cv.
Peugeot conseguiu dar ao menos uma leve “sacudida” no 408 com a nova motorização. Apesar de ser um produto ainda novo na linha da marca, o uso do motor 2.0 acoplado ao câmbio de quatro marchas deixa o modelo com um ar defasado e ainda mecânicamente idêntico ao antecessor 307. O emprego do motor turbo serve para renovar a imagem do sedã médio daPeugeot.

Ponto a ponto

Desempenho – O 1.6 turbinado dá um show e empurra o sedã de 4,69 metros sem dificuldades. O torque máximo disponível a apenas 1.400 rotações torna a condução ágil e eficiente, sem a necessidade de pressionar muito o acelerador. Quando toda a cavalaria é chamada, o propulsor reage bem e despeja a força nas rodas dianteiras de forma progressiva e muito segura. O casamento com o câmbio automático de seis marchas é dos melhores e a opção pelas trocas manuais na alavanca dificilmente será requisitada. Nota 9.
Estabilidade – O 408 é muito estável. O acerto mais firme das suspensões dá conta de segurar o carro nas curvas. A frente afunda pouco nas frenagens mais fortes e os largos pneus – quase exagerados 225/45 – agarram bem no asfalto. O comportamento geral é bastante previsível, com eventuais saídas de frente corrigidas pelo controle de estabilidade. A traseira, no entanto, parece um pouco leve em curvas de alta velocidade, mas nada que possa assustar o motorista. Nota 7.
Interatividade – Como usual nos carros do grupo PSA, os comandos são bem localizados e de fácil reconhecimento. Não há muito mistério na utilização de todos os dispositivos. O único senão é o método de inserção de endereços no sistema de GPS, onde é necessário usar os pequenos botões do rádio para selecionar letra por letra de cada campo. Uma tela sensível ao toque, ou um botão giratório maior seriam mais úteis. De resto, o para-brisa enorme facilita muito a visão para a frente, que também é boa em todos os lados do 408. Nota 7.

Consumo – O 408 THP marcou uma média de 6,8 km/l de gasolina em circuito urbano, segundo o computador de bordo. A Peugeot não disponibilizou o modelo para o InMetro fazer medições. Nota 5.
Tecnologia – Por ser vendido apenas na versão topo do 408, o THP traz todo o arsenal tecnológico da Peugeot. Não faltam itens como controlador de velocidade de cruzeiro, rádio com Bluetooth e GPS, além de outros mimos, como o banco do motorista com ajustes elétricos. A plataforma é recente, derivada do 308 de 2007. No entanto, é o motor 1.6 turbinado desenvolvido em conjunto com a BMW que chama a atenção. Nota 8.
Conforto – A suspensão firme tira um pouco do conforto a bordo do 408. No entanto, ainda assim, o sedã trata bem os passageiros. O espaço no banco traseiro é mais do que suficiente para dois adultos de estatura mediana e os bancos possuem espuma de densidade correta, que não cansam em viagens longas. É fácil achar uma boa posição para dirigir. O bom isolamento acústico ajuda a tornar o interior um ambiente agradável e relativamente sofisticado .Nota 8.
Habitabilidade – A boa altura da carroceria ajuda no entra-e-sai dos passageiros, assim como as portas grandes e com bom ângulo de abertura. O porta-malas leva bons 528 litros, facilmente acessíveis pelo vão largo da tampa, mas são poucos os porta-objetos espalhados pela cabine. Há apoios de cabeça para os três ocupantes de trás e os 2,71 metros de entre-eixos abrem bastante espaço no interior. Nota 8.
Acabamento – Os materiais utilizados na cabine do 408 são muito bons. Há revestimento “soft touch” em praticamente todas as partes visíveis do painel e no alto das portas. E mesmo onde plástico rígido é usado, ele é de boa qualidade e não denota pobreza. No entanto, alguns arremates deixam a desejar, como o comando do ar-condicionado, com botões de aparência frágil. Nota 7.
Design – Se não é arrebatador, pelo menos o visual é bem mais inspirado que seu antecessor, o 307 sedã. As linhas fluidas são elegantes e até discretas, mesmo com os enormes faróis na frente, ainda herança da fase “felina” da Peugeot. A traseira tem contornos arredondados e não parece um mero prolongamento de um design inicialmente projetado para ser um hatch. Nota 7.
Custo/beneficio – A Peugeot adota uma interessante estratégia ao oferecer o 1.6 THP por R$ 74.900, exatos R$ 400 a menos que a mesma versão Griffe com motor 2.0 flex e câmbio automático. Com isso, a marca oferece um conjunto com alto nível tecnológico e foco no bom desempenho pelo preço de similares mais tradicionais. É verdade que não anda tão bem quanto um Volkswagen Jetta TSI, com seus 200 cv – e preço acima dos R$ 80 mil –, mas o 408 THP certamente está um passo acima dos demais sedãs com motor 2.0. Nota 7.
Total – O Peugeot 408 Griffe THP somou 73 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir - Luxo e disposição

Externamente é difícil identificar um 408 THP e por dentro é quase impossível. O interior, idêntico ao da versão Griffe com motor 2.0 e câmbio automático, tem também uma generosa dotação de equipamentos de série. O acabamento de ótimo gosto se tornando comum noscarros das marcas do Grupo PSA.
A boa posição de dirigir e os comandos muito bem posicionados – mesmo que ainda use os antiquados satélites com comandos do som e do controlador de velocidade de cruzeiro. Tudo muda, no entanto, ao girar a chave no contato e acordar o motor 1.6 litro turbinado. Os 165 cv podem nem ser espetaculares, mas os 24,5 kgfm de torque disponíveis a apenas 1.400 rpm transformam a convivência com o carro.


As arrancadas são decididas e o THP demonstra fôlego surpreendente numa ampla faixa de rotações. O câmbio automático de seis marchas trabalha muito bem e “entende” os anseios do pé direito sem titubear sobre qual marcha deve ser selecionada. Certamente, a “pegada” é muito mais consistente e esportiva que as versões com motor 2.0.
Apesar da pouca diferença de potência, os motores maiores têm torque menor e funcionamento algo preguiçoso, já que é prejudicado pelo câmbio automático de quatro marchas. O 408 THP só não é melhor por conta do alto peso, de 1.527 kg.

A versão turbinada mantém os bons predicados do restante do portfólio. É um carro muito “na mão”, com a direção bem direta e acerto de suspensões que aceita bem uma tocada mais vigorosa. A carroceria rola pouco nas curvas e o 408 mantém a compostura.
O problema é sobre superfícies irregulares, onde o carro parece pouco adaptado ao asfalto “lunar” das cidades brasileiras. O pneus de perfil baixo, 45, montados em rodas de 17 polegadas sofrem com a buraqueira. No entanto, o eventual sacolejo não chega a tirar o brilho do conjunto bem acertado e de resultados felizes no 408 “top”.

Ficha Técnica - Peugeot 408 THP

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, alimentado por turbina de hélice dupla, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Comando duplo de válvulas no cabeçote com sistema de variação de abertura na admissão e escape. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com modo manual sequencial de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 165 cv a 6 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 8,3 segundos.
Velocidade máxima: 213 km/h.
Torque máximo: 24,5 kgfm a 1.400 rpm.
Diâmetro e curso: 77,0 mm x 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos pressurizados e barra estabilizadora desacoplada. Traseira por travessa deformável, barra estabilizadora integrada e amortecedores hidráulicos pressurizados. Oferece controle de estabilidade de série.
Pneus: 225/45 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EDB.
carroceria: Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,69 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,52 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina.
Peso: 1.527 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 526 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: El Palomar, Argentina.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado automático de duas zonas, vidros e travas elétricas, direção hidráulica, travamento das portas por controle remoto, airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS, sistema de som rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth/Aux com tela de 6 polegadas, GPS, apoio de cabeça central traseiro, alarme perimétrico, vidros traseiros elétricos, bancos em couro, faróis de xenônio direcionais, rodas de liga-leve de 17 polegadas, sensor crepuscular, de chuva e de estacionamento.
Preço: R$ 74.900.








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