4 de set. de 2012

Impressões cubistas: Nissan Juke 2012

Nisan Juke

A primeira vez que eu vi uma foto do Nissan Juke, eu achei que fosse alguma piada. Eu imaginei que pudesse ser um photoshop, pois de jeito nenhum aquilo podia ser um carro de verdade. Com aqueles faróis, aquelas proporções. Algo estava totalmente errado. Era como uma assombração.


O carro é um crossover-cupê-sedã-hatch que parece ter sido projetado por 13 pessoas diferentes, em momentos diferentes e com ideias diferentes. Mas…será que é um carro ruim? Recentemente, eu passei uma semana com um Juke para descobrir se ele se encaixava em alguma categoria automotiva.
O Juke supostamente é modernoso em sua aparência e descolado no visual; tudo isso para fazer bonito junto aos consumidores da tal da Geração do Milênio, que a gente tanto ouve falar. É com este carro que a Nissan acredita que irá conseguir criar interesse automotivo em pessoas que, tipicamente, não estão nem aí para o ato de dirigir – ou para carros. Eu sou da Geração do Milênio, embora não saiba exatamente o que isso quer dizer.
Surpreendentemente, o Juke demonstrou ser um hatch alto de jeitão inusitado, muito bem equipado e ajeitado. E, para ser sincero, seu rodar é mais bonito do que sua aparência.

Por Fora



Como eu dizia, da primeira vez que eu vi o Juke, eu fiquei horrorizado. Atormentado. Era medonho. Eu não entendi, e confesso que pensei que a Nissan tivesse lançado ele por engano, ou era uma piada qualquer, só podia ser. Alguém do departamento de design lançou o carro como pegadinha de 1º de abril, pensei comigo.
Os enormes faróis redondos e os dois filetes triangulares que rasgam as laterais do capô, como se fossem sobrancelhas fazem da dianteira do Juke algo desconexo e abstrato. É design automotivo inspirado em Picasso.
Ainda assim, tem alguma coisa na aparência dele que fez com que eu me apaixonasse. Eu não sei bem porquê. É algo que vai te conquistando aos poucos. Ao longo da semana, eu me peguei olhando para ele, estacionado, admirando suas linhas insólitas e dizendo, para mim mesmo: “caramba, esse carro é muito legal”. Algumas pessoas vão dizer que o carro é legal mais do que metade das vezes que olharem para ele, e eu respeito a opinião delas; a aparência do Juke não é algo muito racional mesmo.

Por Dentro


“Ei, até que não é de todo mal”. Essas foram as primeiras palavras que proferi assim que entrei no Juke. O modelo SL que me deram vinha com bancos de couro, que eram bem confortáveis e envolventes. Eu passei cerca de 13 horas dentro do carro no intervalo de três dias, e eu não me senti cansado.
O painel é bem construído e tudo está disposto de maneira intuitiva. O melhor de tudo é que nada tinha aparência barata, o que é algo admirável para um carro que é tão barato. Dentro do cockpit, os elementos estão organizados como se fosse um carro esporte, com resquícios do 370Z e um console central desenhado para parecer como um tanque de combustível de uma moto. Nessa categoria de veículos, não há nada que lembre minimamente o interior do Juke.

Aceleração

Dá para medir a aceleração de um carro de um carro de um modo quantitativo e de um modo qualitativo. A julgar pelos números, o Juke não chega nem perto de ser um carro rápido, mas o pequeno motor 1.6 turbo “four” é apressado, e isso diz alguma coisa. Tem uma ampla curva de potência com o máximo de torque disponível sobre as faixas de rotação. Eu estou sempre desejando mais potência, e o Juke realmente precisa disso. Em alguns momentos é como se ele estivesse cansado, como uma pequena criança que esteve carregando pesos o dia inteiro pra lá e pra cá. E não, eu não faço crianças ficarem arrastando pesos… toda hora.
O Juke chega a 100 km/h em pouco mais de sete segundos, o que não é nem um pouco ruim. Ele puxa bem, na maior parte do tempo, e demonstra ser um carro que está pronto para tudo e qualquer coisa.  Não é um Corvette ZR1, mas quando testado, não faz feio. E isso é algo que eu respeito.

Frenagem

O Nissan Juke 2012 tem freios. O carro para, quando você pisa no pedal do meio. Durante a minha semana com ele, o Juke não sofreu acidentes quando eu precisei pisar no freio, o que eu acho muito bom.
E…é isso.

Rodagem

O Juke é extremamente confortável na estrada. Ele absorve buracos e irregularidades como ninguém. É um pouco macio, mas, também, ele não foi feito para castigar as vias. Ao contrário: seu objetivo é trabalhar em conjunto com o pavimento para propiciar ao motorista uma bela experiência automotiva.
Em todo o tempo que eu usei o carro, eu nunca senti como se a rodagem estivesse me deixando desconfortável. Normalmente, quando eu dirijo por horas a fio, a parte direita da minha cintura começa a doer (eu já sou um velho por dentro). Mas isso não aconteceu. Eu atribuo o feito ao conforto e à maciez do rodar do carro e o amplo espaço em seu interior. Coisas que merecem elogios em um carro de preço baixo.

Comportamento

O Juke é equipado com um dispositivo redondo que fica em frente ao banco do motorista e, quando girado, ele faz o carro mudar de direção na pista. Virar para esquerda faz o Nissan ir para a esquerda; virar para a direita faz o carro ir para a direita; ele é manejável.
Colocado isto, é preciso dizer que o Juke não tem a melhor dirigibilidade do mundo. Ele apresenta subesterça com vontade no limite. A sensibilidade ao volante é um tanto vaga e não inspira confiança nas curvas. Mas eu não estou decepcionado, uma vez que eu não estava esperando muita coisa do Juke nesse departamento. A elevada altura ao dirigir e a tração dianteira não são características normalmente associadas com uma pegada mais esportiva. Afinal de contas, não estamos falando do Juke R.

Transmissão

O câmbio do Juke foi uma das boas surpresas que tive com esse carro. O veículo testado era equipado com transmissão manual de seis marchas. Os engates são um pouco longos e entrecortados, mas me deixaram com uma boa impressão por serem diretos e precisos: é bem difícil arranhar alguma marcha com o Juke.
A alavanca do câmbio  também é um ponto positivo. Firme e segura, passa confiança ao motorista. Não se parece em nada com as alavancas encontradas em outros veículos Nissan ou Infiniti, que te passam a mesma firmeza que você sente ao pisar com tudo num belo e morno bolo fecal canino.
Ainda que ela seja leve, essa alavanca possui um ponto de encaixe muito bem definido e extremamente preciso. Nada mal; aliás, longe disso. O câmbio sequencial, que já testamos anteriormente, não é de todo ruim para um CVT, mas, se eu puder escolher, fico com o câmbio manual. Infelizmente, o carro equipado com tração integral só pode vir com a caixa sequencial.

Sistema de Áudio

Arrãm…Bem, o “ronco” do motor é um pouco frustrante. No fundo, estamos falando de um pequenino 4-cilindros, então não dá para esperar que fosse algo como um rugido felino.
O sistema de áudio em si, fabricado pela Rockford Fosgate é razoável, mas nada muito emocionante. Talvez seja o fato de eu não ouvir essas bandas que soam como se tivessem gravado todo seu repertório de músicas dentro de um banheiro de shopping, mas, de verdade, os altos, baixos e meios-tons vindos dos altos-falantes do Juke não soaram muito excitantes, nem mesmo quando coloquei um pouco de rock de verdade, com algumas músicas do velho Bob Seger. Ainda bem que esse é o sistema de som de série do carro. Nessa categoria, posso dizer, o Juke é bem medíocre.

Acessórios

Os equipamentos de série do Juke testado são nada menos do que incríveis. Ele vem com painel touchscreen de navegação, rádio satélite, informações sobre o trânsito em tempo real no computador de bordo, entrada para iPod com integração total com o sistema multimídia, partida e abertura do carro sem chave, Bluetooth e bancos aquecidos de couro. A versão básica, porém, custa 20% a menos, e vem equipada com bancos de tecido razoáveis e um bom sistema de som.
E isso tudo é bem impressionante. Um monte de carros (em geral mais caros) tem esses mesmos acessórios, mas, no Juke, eles são bem fáceis de usar. Tudo está bem colocado, no lugar certo, do jeito certo. Um carro barato, com todos esses opcionais, e com facilidade para acessá-los e usá-los é algo raro, e o Juke é tudo isso.


Preço

Os vários equipamentos de série e a qualidade do acabamento interior do carro fazem deste Nissan uma verdadeira bagatela. Você está comprando um carro econômico com um ótimo interior… e um exterior não tão ótimo assim. É como comprar um daqueles horrorosos cachorros sem pêlos, e daí descobrir que ele é um ótimo companheiro, faz sujeira no lugar certo, late nos momentos apropriados e se dá super bem com crianças. O Juke talvez nunca ganhe um concurso de beleza, mas com certeza é uma ótima escolha se você quer um carro que te leve para os lugares e que seja barato, mas que não pareça barato. Se bem que, no Brasil, não sairá nenhuma pechincha nas mãos dos importadores independentes.
  • Motor: 1.6 Turbo I4
  • Potência: 190 cavalos a 5600 rpm
  • Torque: 24 kgfm a 2 mil RPM
  • Câmbio: Manual de seis marchas ou CVT com trocas sequenciais
  • 0-100: 7,2 segundos
  • Velocidade Máxima: 200 km/h
  • Tração: Dianteira (série) / Integral (opcional)
  • Peso: 1.600 kg
  • Passageiros: 5
  • Consumo: 10,5 km/l (Urbano) / 13 km/l (Estrada) / 11,4 km/l (Média)

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