Montadoras oferecem versões peladas para atrair consumidores nas propagandas

Na maioria das vezes, os anúncios das montadoras automobilísticas em mídias como televisão, revistas, jornais e internet apresentam a versão mais cara do automóvel, recheada de equipamentos de conforto, segurança e visual. Porém, no preço, a empresa expõe o valor da variante mais barata do carro, que deixa de oferecer vários equipamentos, e em casos um motor menor, para baratear o preço final. Isso nada mais é do que uma estratégia da marca para atrair o consumidor até seus pontos de vendas espalhados pelo Brasil.

A Renault, por exemplo, usa essa estratégia na divulgação do utilitário-esportivo compacto Duster, arquirrival do atual Ecosport, da Ford, que pode ser encontrado a um preço inicial de R$ 51.800, podendo atingir os R$ 61.500 no modelo mais caro, ou seja, um pouco mais de dez mil reais a mais no valor final em relação à variante de entrada. Esta, inclusive, foi criada principalmente para o marketing do Renault Duster. Ou seja, você não verá o Duster  básico, batizado apenas de 1.6 16V (em alusão ao conhecido propulsor que o equipa, capaz de entregar 115 cv de potência máxima), nas ruas com tanta frequência. Até porque o carro entrega um custo benefício miserável.

Como você conferiu na imagem principal desta matéria, o Duster 1.6 16V é de dar vergonha, tanto no visual, no preço, como na lista de equipamentos. Por fora, os para-choques são pretos, assim como os retrovisores e as maçanetas, as rodas são de aço de 16 polegadas (bem feinhas, diga-se de passagem, lembrando alguns furgões, como o Fiat  Fiorino) e não há barras longitudinais no teto. Ou seja, itens inaceitáveis em um automóvel de mais de R$ 50 mil. Na lista de equipamentos, há apenas o básico (sim, bem o básico mesmo), como ar-condicionado manual, vidros dianteiros com acionamento elétrico – os traseiros são movidos à tradicional manivela –, retrovisores com acionamento manual, travas elétricas, direção hidráulica e volante com regulagem de altura. Airbags frontais e freios ABS? Nem como opcionais. Adicionando pintura metálica no pacote, seu preço é elevado em R$ 850.

Portanto, a compra dessa versão é injustificável, a não ser que o cliente queira um modelo para enfrentar trechos difíceis da área Rural, não se importando tanto com o visual e com o conforto (e com a segurança), mas o Renault Duster 1.6 16V não conta com tração 4×2, o que dificulta em certos momentos a passagem em atoleiros. Entretanto, para alguém que busca um carro para família, ainda na gama Renault, há a perua Grand Tour, que oferece um dos melhores custo benefício (se não o melhor) nessa faixa de preço. O veículo, que nada mais é do que uma versão familiar do já abolido sedã Mégane, é oferecido por R$ 50.660 e traz de série airbag duplo, freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, ar-condicionado digital, direção hidráulica, trio elétrico (os vidros tem função one-touch), rodas de liga-leve, faróis de neblina, rádio CD-Player com MP3 e comando satélite na coluna de direção, sensor de chuva e de luminosidade, cartão eletrônico que substitui a chave de ignição, dentre outros.

A Nissan, pertencente ao mesmo grupo da montadora francesa, oferece como modelo de entrada na sua gama brasileira o hatch pequeno March, conhecido por oferecer um dos melhores custo benefício da categoria e airbag duplo de série. No entanto, na variante de entrada, a situação não é bem assim. Por R$ 27.790, o cliente leva pra casa um NissanMarch equipado com um motor 1.0 litro de 74 cv de potência e rodas de aço sem calotas, airbags frontais, computador de bordo com funções autonomia e relógio, e só. Pelo menos airbags o carrinho oferece. Mas apesar de ser de série, o Nissan March tirou uma nota baixíssima no NCAP por contar com tal item, com apenas duas estrelas.