9 de nov. de 2012

Avaliação AMN: Fiat renova Palio Trekking sem fazer alarde

Teste: Fiat renova Palio Trekking sem fazer alarde

Fiat atualiza Palio Trekking para se manter viva no esvaziado segmento das station wagons


Em 1999, a Fiat inaugurou o bem sucedido filão dos modelos aventureiros, com a primeira geração do Palio Adventure. No entanto, as últimas reestilizações da station a deixaram “abrutalhada” demais, com um certo exagero no uso de adereços “off-road” utilizados para deixar a pacata Palio Weekend com um jeitão fora-de-estrada. Esse excesso de “musculatura” a distanciou do conceito original do modelo e abriu espaço para a linha Trekking, lançada em 2009, muito mais comedida nos adereços e com motor menor. O objetivo da “aventureira light” é atrair justamente os compradores que não querem, ou precisam, de tantos “anabolizantes lameiros” como o diferencial blocante Locker ou o motor 1.8. E, claro, um preço mais em conta que os mais de R$ 50 mil pedidos pela Adventure. Agora, junto com o restante da linha 2012, a Trekking passou por uma leve reestilização e segue firme como uma das poucas stations nacionais sobreviventes.

A participação da versão Trekking se mostra significativa nas vendas da linha. Tanto é que 22% das 1.600 unidades mensais da Weekend são desta configuração. Um percentual importante no esforço da Fiat de alcançar a Volkswagen SpaceFox para resgatar a liderança do segmento – a station da marca alemã acumula pouco mais de 1.700 emplacamentos mensais. 


O Palio Trekking usa o já conhecido motor 1.6 16V E.Torq. São 117 cv a 5.500 rpm e 16,8 kgfm a 4.500 rpm com etanol no tanque. O câmbio é sempre um manual de cinco marchas – não há opcional do automatizado Dualogic, restrito à Adventure. Segundo a Fiat, o conjunto é suficiente para levar a station de zero a 100 km/h em decentes 9,8 segundos e à velocidade máxima de 184 km/h.

O visual é o mesmo já conhecido desde a apresentação. Em junho desse ano, a gama passou por leve reestilização e ganhou detalhes para se aproximar dos lançamentos mais recentes da Fiat. A faixa cromada na dianteira busca uma longínqua referência ao badalado 500, mas manteve praticamente inalterado o caráter do modelo. As linhas gerais continuam iguais, com praticamente o mesmo perfil desde o lançamento da primeira Palio Weekend em 1997. Atrás, as lanternas horizontalizadas são elegantes e a última reestilização certamente é uma das mais bem sucedidas do carro. Os protetores em plástico escuro são usados com parcimônia e não pesam no visual do modelo.


O problema é que, ainda que seja razoavelmente mais barata que a Adventure, o custo/benefício não ajuda a Trekking. Os R$ 43.360 cobrados pela station deixam de fora um simples ar-condicionado. A lista de equipamentos é exígua, com vidros e travas elétricas, direção hidráulica e faróis de neblina. Além disso, airbags frontais e freios ABS também são de série. E nem adianta partir para os opcionais, que não agregam muito mais do que um aparelho de som com entradas USB e conexão Bluetooth ou vidros elétricos atrás. Não há airbags laterais ou qualquer item mais luxuoso. A seu favor pesa o fato de que, com o mínimo de conforto, ela custa cerca de R$ 45 mil. Ou seja, razoavelmente mais barata que os R$ 51.510 de uma Palio Adventure, ou que os R$ 54.644 de uma Volkswagen Space Cross, as outras duas únicas aventureiras do mercado.

Ponto a ponto

Desempenho – 
O motor 1.6 16V da Palio Weekend Trekking se sente bem mais à vontade em rotações altas. Só a partir de 3 mil giros ele entrega um bom desempenho. Depois que se atinge isso, o propulsor move a perua sem dificuldades. Nota 7.

Estabilidade – O acerto de suspensão já conhecido da antiga linha Palio beneficia o conforto, mas entrega uma estabilidade apenas razoável. Nas curvas feitas em alta velocidade, a carroceria rola sem muita cerimônia. Nota 6.    

Interatividade – Foi o que a Fiat mais investiu na discreta reestilização. O interior ficou efetivamente mais moderno com o novo rádio, painel de instrumentos e volante. Mas manteve o ineficiente posicionamento das saídas de ar. Nota 7.

Consumo – O computador de bordo da Palio Weekend mostrou uma média de 8,1 km/l com gasolina. O InMetro não fez testes com a Palio Weekend. Nota 7.

Conforto – Se prejudica um pouco a estabilidade, a suspensão macia beneficia o conforto dos ocupantes. Ela absorve bem as imperfeições do asfalto. O espaço interno é condizente com a proposta de uma perua compacta. Nota 7.


Tecnologia – A perua não recebe atualizações na plataforma desde 2004, mas o motor é moderno. A lista de equipamentos desta versão é fraca e deixa de fora até o ar-condicionado. Nota 6.

Habitabilidade –
 É um dos grandes destaques de qualquer perua. O porta-malas da Weekend é um ponto alto: leva 460 litros e ainda pode ficar maior com o rebatimento dos bancos traseiros. Os acessos são corretos e a oferta de porta-objetos no interior é bem razoável. Nota 8.

Acabamento –
 É um ponto fraco desde o lançamento da antiga linha Palio. Os plásticos são rígidos e os encaixes apenas aceitáveis. Falta algum requinte ao padrão de revestimentos. Nota 6.

Design –
 Não chega a ser algo em que a Palio Weekend se destaca, mas também não é algo negativo. A versão Trekking adiciona adereços “lameiros” sem muito espalhafato. Nota 7.

Custo/benefício –
 Apesar de não ser um carro propriamente caro, a Palio Weekend Trekking peca pela lista de equipamentos exageradamente enxuta. Para ser bem equipada, vai a R$ 45 mil. Ao menos ainda é consideravelmente menos que a Space Cross, a representante off-road da Volkswagen. Nota 7.

Total – O Fiat Palio Weekend Trekking somou 67 pontos em 100 possíveis. 


Impressões ao dirigir

Prova de resistência

Sentar ao volante do Palio Weekend Trekking é como reencontrar um velho conhecido. Mesmo com as pequenas mudanças promovidas pela Fiat no primeiro semestre desse ano, o interior é praticamente o mesmo da quarta reestilização do Palio, de 2004. Apenas o rádio é semelhante ao usado em outros modelos e o cluster de instrumentos veio do Uno. O espaço continua limitado pela pouca largura do habitáculo, o que força algum contato entre motorista e passageiro, principalmente no caso de ocupantes mais corpulentos. A ergonomia também deixa a desejar, com as saídas de ar-condicionado baixas, que dificultam a refrigeração da cabine.

O motor 1.6 E.Torq até tem bons 16,8 kgfm de torque, mas ele só aparece por completo a elevadas 4.500 rotações e, na casa dos 2 mil giros há pouca força disponível. Isso torna a movimentação pelo trânsito urbano um tanto lenta e cansativa, já que é necessário estar sempre atento ao conta-giros para se extrair um desempenho satisfatório. O câmbio com relações relativamente longas contribui para a sensação de cansaço do 1.6. Pelo menos, o motor trabalha com suavidade e não reclama de giros mais altos – acima de 3.500 rpm –, quando entrega boas respostas e empurra sem dificuldades os 1.187 kg do modelo. 


Dinamicamente, a station tem um comportamento previsível e coerente com a proposta. A traseira é um tanto leve e “samba” um pouco em pavimento irregular, como ruas de paralelepípedo, mas em asfalto liso, o modelo vai bem. Em estradas sinuosas, a carroceria inclina – graças à maciez da suspensão –, mas nada que chegue a assustar. Ao menos, o conjunto trata bem os ocupantes e transmite boa sensação de robustez para encarar ruas esburacadas.

Ficha Técnica
Fiat Palio Weekend Trekking 1.6 16V
Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, 1.598 cm³, quatro cilindros e quatro válvulas por cilindro com comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto seqüencial e acelerador eletrônico
Transmissão: Câmbio manual de cinco velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 115 cv com gasolina e 117 cv com etanol a 5.500 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 9,8 s.
Velocidade máxima: 184 km/h.
Torque máximo: 16,2 kgfm com gasolina e 16,8 kgfm com etanol a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 77,0 mm x 85,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços oscilantes inferiores, molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente, com braços oscilantes inferiores longitudinais, molas helicoidais e amortecedores telescópicos hidráulicos. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 175/70 R14.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD de série.
Carroceria: Station wagon em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,25 metros de comprimento, 1,65 m de largura, 1,58 m de altura e 2,46 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.
Peso: 1.187 kg.
Capacidade do porta-malas: 460 litros.
Tanque de combustível: 51 litros.
Produção: Betim, Brasil.
Reestilização: 2012.
Itens de série: Airbags frontais, freios ABS, vidros dianteiros e travas elétricas, direção hidráulica, computador de bordo, faróis de neblina, abertura interna do porta-malas, limpador e desembaçador traseiro. Opcionais: Ar-condicionado, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth, banco do motorista com ajuste de altura, sensor de estacionamento traseiro, vidros traseiros elétricos, rodas de liga-leve aro 14, volante revestido em couro com comandos do som. 
Preço básico: R$ 43.360
Preço da unidade testada: R$ 50.474.


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