17 de set. de 2012

Apresentamos o Lamborghini Urus

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Quatro anos depois de os planos para produção do Estoque, uma super limusine Lamborghini que rivalizaria com o Aston Martin serem colocados no freezer, um terceiro modelo na linha volta ao cardápio. O diretor de projetos avançados, Stephan Winkelmann, anunciou no Salão de Pequim que não se tratava de um grande sedã, mas de um SUV. 4x4 de 600 cv e R$ 545 mil (na Europa), o Urus tem grande potencial de venda e pode criar um novo nicho na briga dos super ‘off-roaders’.
 
Comparada com a recepção gelada dada ao fora de estrada da Bentley em Genebra, o Urus até que pareceu agradar bastante em Pequim. E não é difícil saber o por que. Não apenas pelo SUV trazer as linhas do LM002 e pelo enorme interesse desse tipo de carro na China, mas porque o Urus é realmente lindo. Se parece com um Lambo em cada centímetro, desde a frente do Aventador, até as lanternas traseiras do Y.
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Na verdade o Urus parece uma reencarnação do Estoque. Seus arcos de roda traseiros encorpados que cobrem as rodas de 24 pol. com detalhes em fibra de carbono, lembram bastante seu ‘primo’ e o vidro traseiro bem inclinado remetem ao BMX X6. Com comprimento total de 4.955 mm e entre-eixos medindo 2.895 mm, o Urus é mais longo que seus rivais, entre eles o Range Rover e Porsche Cayenne. Mas ele parece menor, seus cantos chanfrados e linha de caráter e traseira altas, conferem-lhe aspecto compacto e muscular, cheio de personalidade.
“Não pensem pesado”, disse Filippo Perini, chefe de design da Lamborghini a seus comandados. “Pensem potente, pensem poderoso”. E pelo jeito, pensem baixo. O Urus está a apenas 1.660 mm do chão, deixando-o 30 mm mais baixo que um X6 e 124 mm mais próximo do asfalto que um Range Rover Sport.
 
“Nosso carro tem que ser o mais baixo de sua classe, mas com altura condizente cm um SUV”, nos contou Wilkelmann. “E ele tem que emocionar. Isso é mais importante que marcas de aceleração ou velocidade máxima”. Não que ele será um carro lento. Apesar do peso perto das 2 toneladas dos SUV, o ‘bicho’ de 600 cv deverá fazer de 0 a 100 km/h em 4 segundos. Mas esse números todos ainda são estimados.
Claro que o simples fato do Urus ser um SUV, não significa que ele não vai fazer o mundo inteiro feliz com seu desempenho. Na verdade a Lamborghini precisa desesperadamente deste carro. A ‘Casa de Sant´ Agata’ passou por grandes apertos durante a crise de 2008 e vem se recuperando lentamente.
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Do pico de 2.430 unidades vendidas naquele ano, as vendas caíram pela metade durante a recessão e apesar de terem voltado a crescer, no ano passado, na mudança de Murciélago para Aventador, a produção somada foi de 1.623, o que significa mais um ano no vermelho. Outras grandes marcas, incluindo-se Rolls-Royce e Ferrari mantiveram as vendas aquecidas oferecendo outros modelos agregados às suas linhas, como o Ghost e o California. A Lamborghini oferece apenas dois modelos muito semelhantes atualmente, e sua posição no mercado é precária.
 
“O mercado de superesportivos é muito mais sensível que o de carros comuns”, admite Winkelmann. “E o caminho para a recuperação está mais longo e difícil do que esperávamos. Temos mais marcas e modelos rivais e a Lamborghini é uma marca de nicho, dentro do nicho. Sempre tentamos ser mais extremos, radicais que os concorrentes, o que significa vender poucos carros”.
Uma terceira linha com grandes volumes não é uma ideia a ser descartada, e de acordo com a Lamborghini, é uma coisa que seus clientes vêm pedindo há muito tempo. “No passado a Lamborghini não era uma marca totalmente focada em esportivos”, nos conta Winkelmann. “Tínhamos GTs e até SUVs.
Mas hoje temos um linha de produtos ligados apenas ao desempenho. Falamos só sobre isso nos últimos dez anos. Precisamos de um ponto de equilíbrio, algo que nos proteja contra momentos difíceis e que garanta boa rentabilidade no longo prazo. E isto tem que ser igualmente distribuído geograficamente, manter a tradição da marca e que use a grande sinergia possível do Volkswagen Group".
Três outros projetos eram considerados: um Gallardo menor, do qual desistiram por acharem não ser condizente com a marca; um 2+2 “o segmento é muito pequeno”; e um sedã com as linhas do Estoque. Porém, a Lamborghini acreditou que o mercado para esta super limusine mudou muito desde que o Estoque foi concebido e os carros passaram a não ter tanto compromisso com a ‘experiência ao volante’, voltando-se apenas para a locomoção, aonde o segmento de SUVs não é apenas enorme, mas ávido por algum tipo de modelo que quebre a monotonia.
 
“Não há ninguém no mercado SUV do segmento de luxo”, afirma Winkelmann, renegando os esforços de algumas marcas dos carros mais desejados do mundo. “Atualmente há apenas Range Rover, Cayenne e AMG, que são fabricantes Premium que simplesmente aumentaram suas linhas”. Ironicamente, a próxima geração de um desses três modelos mencionados terá muito em comum com o Urus. Fazer uso das sinergias VW, significa que a Lamborghini utilizará a plataforma MLB que servirá de base para o próximo Audi Q7, Porsche Cayenne, VW Touareg e o Bentley SUV. Ela será feita de alumínio, apesar de que a Lambo utilizará muita fibra de carbono para reduzir peso, E nem todas as superfícies de material composto serão cobertas de tinta, para fazer charme. A cabine é dividida por um console que vai da frente até a traseira feito de carbono, dando a impressão de fazer parte do chassi, mas sem responsabilidades estruturais. Os bancos serão revestidos com o material exclusivo e patenteado pela Lamborghini em lugar do couro, como já acontece no Aventador J.
 
Por baixo daqueles ângulos pronunciados, o Urus oferecerá tração integral com mais carga na traseira e o câmbio terá sete marchas com embreagem dupla. Maurizio Reggiani, chefe de pesquisa e desenvolvimento gostaria de instalar o câmbio na traseira, para garantir distribuição de peso 50:50. Porém, devido à plataforma comunizada e a dificuldade de mandar tração da traseira até as rodas da frente sem outro câmbio dianteiro, como fez a Ferrari na FF, isso parece difícil.
Será que eles conseguirão fazer uma plataforma comum do VW Group se transformar num Lamborghini com todo seu caráter e insanidade, particularmente quando os clientes procuram obsessivamente por conforto e boa dirigibilidade? “A suspensão dianteira é crucial”, admite Reggiani. “Será algo muito diferente dos outros veículos que utilizarão esta plataforma. Teremos altura do solo ajustável também e aerodinâmica ativa na frente e traseira para ajudar na estabilidade em curvas, ou diminuir o arrasto quando não for necessário. Nosso carro será muito leve. Peso é o mais importante fator desse carro. Ele afeta tudo, incluindo a dirigibilidade e capacidade de frenagem. Todos seus condutores perceberão os benefícios no dia a dia”.
 
Reggiani planeja cortar pelo menos 30% do peso do conjunto motor/transmissão e tirar 100 kg do peso total do carro com a aplicação de fibra de carbono, na busca de chegar a menos de 200 g de carbono emitidos por quilômetro. A plataforma MLB está sendo pensada para receber sistemas híbridos, mas a Lamborghini não fala em adotar esta tecnologia, pelo menos por enquanto.  E não há chance do motor V12 do Aventador parar em baixo de seu capô. Na verdade, a Lamborghini se recusa a comentar sobre a escolha do motor, alegando que isto ainda será decidido, mas o motor mais lógico seria a evolução do V8 biturbo do Audi e Bentley, com desativação de cilindros e sistema stop/start.
O Urus será um carro de grande lucratividade. Winkelmann pensa num preço abaixo do Gallardo, algo em torno de R$ 550 mil (na Europa) aos números de hoje. Mesmo que as margens nos supercarros sejam maiores por unidade, um volume de 3 mil unidades/ano faria do Urus uma verdadeira máquina de dinheiro.
 
Seus mercados principais serão os EUA (para onde vai metade dos SUV produzidos), Inglaterra, Alemanha, Rússia, Oriente Médio e China e se venderem nestes, certamente a capacidade de produção estará próxima do limite. O problema da Lamborghini é que este terceira linha de produção não chegará antes de 2016, o que significa mais dois anos apenas com seus dois modelos. Mesmo com um novo Gallardo, será uma espera agonizante.
Texto original de Chris Chilton da CAR MAgazine UK





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