O ano de 2011 definitivamente foi difícil para a Honda. Terremoto/tsunami no Japão e enchente na Tailândia reduziram drasticamente a capacidade de produção da empresa no mundo inteiro. O novo Civic fora duramente criticado pelo público nos EUA e Brasil por ser considerado um retrocesso em relação ao modelo anterior (2006) – motivo que o fez perder o status de “recomendado” na lista da famosa revista americana Consumer Reports.
Apresentado como concept car em setembro último e com vendas iniciadas no mês passado, a 4ª geração do SUV best-seller da Honda chega para resolver um problema grave do seu antecessor (e de boa parte dos utilitários esportivos de origem japonesa) – a falta de “sal” no desenho externo.
Bem, “inspirado” ou não no sueco, o fato é que esta parte é a que dá o aspecto robusto ao japonês. Nas medidas externas, a única diferença para o modelo antigo é no comprimento, que ficou 3 cm menor (4,53m). No interior, o painel tem uma aparência moderna e elegante.
A novidade fica por conta do display central herdado do Civic 2012 que mostra informações sobre consumo, sistema de som, diversos alertas e é interligado com o GPS (opcional). Os intrumentos tem grafismos simples, de fácil leitura e sua iluminação noturna (branca) não cansa os olhos. A posição da alavanca do câmbio é uma das poucas lembranças deixadas pelo seu antecessor.
Uma outra herança recebida é a qualidade dos materiais de revestimento do painel e portas. Longe de terem plásticos ruins ou ou mal acabados, pois o conjunto é muito bem montado. Mas um carro desse nível merecia ter texturas macias ao toque e quantidades mais generosas de tecido/couro nas forrações dos itens citados.
Infelizmente não é isso que se vê no modelo 2012, onde novamente a cartilha da economia de custo de produção entra em ação e são utilizados plásticos duros nestes locais. Em contrapartida, o habitáculo ganhou 22 cm no comprimento e 8 cm na largura (mas perdeu 4 cm na altura, o que não chega a atrapalhar) para os passageiros, tornando o interior bastante espaçoso.
Mesmo com os bancos dianteiros totalmente recuados, ainda há um bom espaço para as pernas atrás. Os assentos dianteiros são confortáveis e apoiam bem o corpo, mas os traseiros poderiam ter uma inclinação do encosto maior, para melhorar o conforto em viagens mais longas.
O porta-malas possui 589 litros no modo normal e 1.146 litros com os bancos traseiros rebatidos – basta puxar uma alavanca para realizar o movimento. Além disso, a altura da base do compartimento é a mais baixa da categoria, com reduzidos 66 cm.
A motorização continua a mesma oferecida antes (dependendo do país em que é comercializado). Para o mercado japonês a novidade fica por conta da versão 2.0 (R20A), com o mesmo motor dos CR-V mexicanos destinados ao Brasil (150 cv/19,5 kgfm).
Já o 2.4 (K24A) passa a ter 190 cv e 22,6 kgfm (ante os 170 cv e 22,4 kgfm do antigo). Ambos dispõem do modo ECON, um botão verde no painel que altera os parâmetros do acelerador e diminui a potência do ar condicionado, permitindo uma maior economia de combustível e menores níveis de emissões de poluentes.
A Honda reservou as maiores melhorias para o sistema de transmissão e tração integral – o 2.0 é oferecido apenas com tração dianteira e com o novo câmbio CVT equipado com conversor de torque, permitindo arrancadas mais vigorosas e reduzindo o consumo médio do SUV para 14,4 km/l (11,6 km/l no 2.4/5AT).
O 4WD é exclusivo da versão mais potente, mas seu sistema denominado Real Time ganhou gerenciamento eletrônico para um acionamento mais rápido da tração para as rodas traseiras. Uma antiga reclamação dos proprietários do modelo.
As suspensões seguem o mesmo padrão do modelo anterior (McPherson na frente e Double Wishbone atrás). Na segurança ativa, as novidades ficam por conta do controle de estabilidade (VSA) que conjugado com o ABS + TCS e o recurso “Motion Adaptive EPS” da direção com assistência elétrica, auxilia o motorista (deixando o volante mais pesado) a escolher o melhor caminho para não sair da pista em caso de instabilidade em curvas e em pisos escorregadios. O item é de série em todas as versões do CR-V.
Já na segurança passiva a decepção fica por conta dos airbags laterais e de cortina, que são oferecidos somente como opcionais (embora no mercado americano o equipamento seja de série). Para um carro que custa em torno de 60.000 reais no Japão, isso é uma falha grave, pois concorrentes de outras marcas e até veículos mais baratos oferecem o artigo sem custo algum. E o pior de tudo é que ele não pode ser adquirido sozinho, somente com o caro pacote de opcionais (explicado mais adiante).
E por falar em preços, no mercado japonês o novo Honda CR-V está disponível em apenas um nível de acabamento e duas motorizações, já citadas antes. A 20G (tração dianteira/CVT) que custa ¥ 2.480.000 (R$ 59.700,00) e a 24G (4WD/5AT) que sai por ¥ 2.750.000 (R$ 66.200,00).
Ambas oferecem praticamente os mesmos itens de conforto e conveniência como: ar condicionado dual temp, partida por botão e chave presencial, faróis com luz xenon, piloto automático, hill holder, entre outros. O 24G acrescenta apenas paddle shift, tweeters nas portas, moldura do painel diferenciada e porta óculos no teto.
Curiosamente – e algo normal por aqui, o carro vem sem sistema de audio de série, apenas com preparação e alto-falantes (4 no 2.0 e 6 no 2.4). Quem quiser o equipamento pode optar pelos aparelhos vendidos na concessionária/lojas de som automotivo ou pelo GPS opcional com tela de 7 polegadas, TV, DVD e CD player, HDD com 40GB, Bluetooth e entrada USB.
Ele pode ser adquirido sozinho ou junto com o único pacote de opcionais disponível para o CR-V (R$ 18.500,00), composto de bancos revestidos em couro com aquecimento e regulagem elétrica (este apenas para o motorista), teto solar elétrico, GPS, e enfim, airbags laterais e de cortina.
Atualmente a maioria dos SUV japoneses estão no meio do ciclo de vida, outros em fim de carreira e alguns já deveriam ter ido embora há muito tempo. Embora modelos como o CR-V sejam líderes do segmento e gozam da ótima reputação, a falta de novidades fez com que a concorrência mundial avançasse rapidamente oferecendo design, equipamentos e motorizações eficientes ao passo que os nipônicos confiavam apenas no binômio robustez/cofiabilidade mecânica, fazendo perder uma boa parcela da clientela conquistada mundo afora.
Agora, a Honda finalmente acordou do marasmo com o CR-V 2012. O CX-5 da Mazda iniciará as vendas no Japão em março. A Toyota não está muito atrás e o novo RAV4 vai dar as caras ainda este ano. E em 2013 a Mitsubishi faz a sua primeira aposta no promissor segmento dos híbridos com o futuro Outlander – apresentado como PX-MiEV II no salão de Tokyo. Nissan, Subaru e Suzuki que apressem logo as novidades deste segmento…
Pois ao que tudo indica, depois da catástrofe – e a julgar pela volta do 86, os bons tempos (para os japoneses) parecem estar de volta novamente!
Ficha técnica – Honda CR-V 20G
Dimensões e capacidades:
carroceria: SUV/5 portas/5 passageiros
comprimento/largura/altura: 4,53/1,82/1,68m (interno 2,12/1,54/1,21m)
entre-eixos: 2,62m
peso: 1.460 kg (relação peso/potência: 9,7 kg/cv)
tanque de combustível: 58 litros, gasolina comum
consumo médio: 14,4 km/l (norma JC08)
comprimento/largura/altura: 4,53/1,82/1,68m (interno 2,12/1,54/1,21m)
entre-eixos: 2,62m
peso: 1.460 kg (relação peso/potência: 9,7 kg/cv)
tanque de combustível: 58 litros, gasolina comum
consumo médio: 14,4 km/l (norma JC08)
Motor:
tipo R20A, 1997 cm³, dianteiro, transversal, 4 cilindros, OHC 16V com i-VTEC
diâmetro e curso: 81,0 x 96,9 mm
taxa de compressão: 10.6
potência: 150 cv a 6.200 rpm (potência específica: 75,1 cv/litro)
torque: 19.5 kgfm a 4.300 rpm
diâmetro e curso: 81,0 x 96,9 mm
taxa de compressão: 10.6
potência: 150 cv a 6.200 rpm (potência específica: 75,1 cv/litro)
torque: 19.5 kgfm a 4.300 rpm
Transmissão:
automática tipo CVT, tração dianteira.
relações de marcha: frente: 2.470~0.450 ré: 1.735~1.214/ diferencial: 5.072
relações de marcha: frente: 2.470~0.450 ré: 1.735~1.214/ diferencial: 5.072
Direção:
tipo pinhão e cremalheira com assistência elétrica, 5,5m de diâmetro de curva
Suspensões:
McPherson (D), Double Wishbone (T)
Freios:
disco ventilado (D), disco sólido (T)
Rodas e pneus:
Liga leve 6.5Jx17, 225/65R17 102S
Preço:
¥ 2.480.000 (R$ 59.700,00)
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