7 de fev. de 2012

Avaliação completa do Novo Kia Picanto



A segunda geração do Kia Picanto deu um enorme salto em relação à primeira. O subcompacto cresceu e ganhou design assinado pelo badalado Peter Schreyer, responsável pelo Soul e pelo Sportage, com linhas bem mais agressivas.
Além disso, incorporou versões mais equipadas, com teto solar, e aumentou a oferta da versão com câmbio automático, que já responde por 53% das vendas desde a estréia dessa geração no Brasil, em agosto de 2011. O que não estava nos planos da Kia era o aumento em 30% do IPI – o Imposto sobre Produtos Industrializados – para modelos importados.
A “canetada” do Governo Federal elevou os preços do carrinho em R$ 5 mil. A versão mais simples, com câmbio manual, saltou dos R$ 34.900 para R$ 39.900, enquanto a automática, mais equipada, chega a R$ 49.900. Ou seja: colocou o subcompacto coreano na linha de tiro do também simpático e charmoso Fiat 500, que tem estrutura de concessionárias e de distribuição de peças bem superiores.

Esse confronto direto e a irredutibilidade da Kia em “absorver” uma parte que fosse da alta nos custos mais altos esfriaram as relações no modelo com o mercado. O hatch de apenas 3,6 metros ganhou conteúdo digno de segmentos superiores e mais tecnologia.
O motor inteiramente novo, 1.0 12V com três cilindros e comando de válvulas variável, se tornou flex para rodar no país, e rende até 80 cv a 6.200 rpm com etanol no tanque e suficientes 10,2 kgfm a 4.500 rpm. O carro não tem pretensões esportivas – e sua performance deixa claro que seu ambiente preferido é a cidade. Respeitada essa vocação, o câmbio automático lhe cai bem.
O Picanto é o mais recente modelo da marca a ser inteiramente redesenhado para ganhar os traços que alavancaram as vendas da Kia ao redor do mundo. O hatch ganhou contornos ousados, como a lanterna traseira em formato de bumerangue e a linha de cintura ascendente.

A mudança radical espantou de vez o ar “fofinho” que os faróis redondos do antecessor davam ao carro. A frente ficou agressiva, com faróis grandes e a grade estreitada no centro, característica da fabricante coreana. O visual agrada bastante, e é um dos maiores trunfos da nova geração. A linha de cintura ascendente e o perfil mais agressivo mudaram a imagem do carrinho.
O interior também foi renovado e ficou mais espaçoso. O espaço é suficiente para quatro passageiros de estatura mediana. O porta-malas, na linha de subcompactos, comporta 200 litros. A lista de equipamentos de série é extensa, com ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico, repetidores laterais de seta nos retrovisores, que podem ser rebatidos eletricamente, som com entradas USB e auxiliar – mas que ainda deve o Bluetooth – e com comandos no volante, além de airbags frontais e freios com ABS – este incorporado logo após o lançamento.
Esse pacote aliado ao câmbio automático hoje custa R$ 44.900 e certamente é o que representa a maior parte dos 53% dos Picanto vendidos com câmbio automático. Ainda que a versão mais equipada, com leds nos faróis e lanternas traseiras, seis airbags e teto solar seja muito interessante.

O Picanto ainda se ressente do repentino aumento de preços. O reposicionamento do carro no mercado foi diretamente refletido nas vendas, que caíram de 1.404 unidades em setembro de 2011 – o primeiro mês completo de comercialização do modelo – para míseras 317 unidades em outubro.
Desde então, o número sobe gradativamente, mas ainda muito longe do patamar inicial e das expectativas da Kia. No último quadrimestre do ano passado, a projeção era vender 6 mil unidades – 1.500 por mês –, mas só metade disso ganhou as ruas.
Para 2012, a Kia imagina uma queda de 15% – algo perto de 1.200 veículos por mês, mas nem 300 deles saíram das concessionárias da marca na primeira quinzena de janeiro. São exatamente esses números que servem de inspiração para a Kia cogitar a construção de sua primeira fábrica no Brasil.


Instantâneas

# O Picanto foi lançado em 2004 na Coreia do Sul com motores 1.0 e 1.1 litro. Ambos chegaram ao Brasil em 2006, com o câmbio automático sempre atrelado ao de maior capacidade
# Na Coreia do Sul, o Picanto é conhecido como Kia Morning.
# O modelo compartilha plataforma com o Hyundai i10.
# Os europeus aguardam a chegada de uma versão com motor quatro cilindros de 1.25 litro turbinado e cerca de 120 cv.
# Desde setembro de 2011, a Europa também possui uma versão três portas do Picanto, com apelo mais esportivo. Por lá, o modelo é vendido a versão manual com motor 1.0 de 69 cv e na automática com propulsor 1.2 de 85 cv.

Ponto a ponto

Desempenho – O pequeno motor três cilindros empurra bem o Picanto, sem fazer muito barulho em regimes normais. O novo propulsor rende mais que o antigo – 80 cv com etanol – e se mostrou adequado à proposta do carrinho. Há boa dose de força em baixas rotações, mas a transmissão automática se encarrega de “amansar” bastante o rendimento. As quatro marchas do câmbio automatico provocam um escalonamento muito aberto, com grande queda de rotação em cada troca. De qualquer forma, o Picante consegue manter a toada às custas de reduções. Nota 7.
Estabilidade – A suspensão rígida sofre com os buracos, mas dá ao carro uma ótima estabilidade. A concentração de peso na frente é muito perceptível, mas o comportamento é neutro, apenas com previsíveis saídas de frente facilmente contornáveis. Apenas acima dos 140 km/h o Picanto começa a flutuar e indicar que está próximo de seu limite. Nas frenagens, a frente mergulha pouco. Nota 8.
Interatividade – O carrinho manteve a boa dotação de equipamentos de série e o sistema de som – que vem com entradas USB/Aux e conexão para iPods – ganhou comandos no volante, que facilitam a vida do motorista. Os comandos são leves e bem posicionados e o novo quadro de instrumentos tem boa visualização. Os números são grandes e não há informação em excesso. Falta apenas um computador de bordo que informe dados como autonomia e consumo médio. Nota 8.
Consumo – O pequeno três cilindros é econômico. A versão com câmbio automático, em percurso composto por trechos urbanos e rodoviários, cumpriu 9,6 km/l com etanol. Nas medições do InMetro, as médias foram 12,1 km/l na cidade e 14,7 km/l na estrada, com gasolina no tanque. Nota 9.

Tecnologia – A Kia injetou tecnologia na nova geração do Picanto com o novo propulsor de três cilindros. Descrito pela marca como uma releitura do quatro cilindros antigo, o motor flex consegue ser mais potente e mais econômico que o anterior e é visível a preocupação da marca em criar um carro moderno e eficiente. O modelo também é o único 1.0 vendido no Brasil com opção de câmbio automático, seis airbags, lanternas de leds e teto solar elétrico. Nota 9.
Conforto – A suspensão é mais rígida que o esperado e compromete o conforto do carro ao rodar em superfícies irregulares. As dimensões enxutas não fazem milagre e o interior é apertado, ainda que muito bem aproveitado. Na frente, o painel recuado abre bastante espaço e passa a sensação de se estar em um carro maior. Atrás, uma sensível evolução sobre a geração antiga – da qual herdou a opção de reclinar o encosto traseiro –, com mais espaço para as pernas graças ao entre-eixos maior. Há espaço suficiente para a cabeça, mas colocar três adultos no banco traseiro é uma tarefa inglória. O isolamento acústico dá conta do recado. Nota 7.
Interatividade  – O acesso é facilitado pelo bom ângulo de abertura das quatro portas. Há boa profusão de porta-objetos, apenas os das portas dianteiras mereciam ser maiores, ainda que continuem capazes de abrigar garrafas de até 1,5 litro. Atrás há porta-revistas nos encostos dos bancos da frente. O porta-malas cresceu, de minúsculos 168 litros para cerca de 200 litros. Ainda é pouco, mas mais utilizável em viagens pequenas. Nota 7.

Acabamento – O acabamento é muito bom para o segmento e mantém o Picanto como a opção “premium” entre os hatches pequenos. É claro que há muito plástico no interior, mas todos são de boa qualidade, assim como a montagem. Não chega a ser luxuoso, mas não passa sensação de pobreza. Não há ruídos em excesso, os encaixes são precisos e a atmosfera interior exala um surpreendente refinamento construtivo. Nota 8.
Design – Certamente é a melhor parte do Picanto. O carrinho perdeu o jeito “fofo” e ganhou linhas mais agressivas que o fazem se destacar. O modelo veste a nova linguagem de design da marca, que mudou a cara da Kia ao redor do mundo e tem alguma sofisticação. Nota 8.
Custo/benefício – Um carrinho chamoso e cheio de equipamentos não tem como atrativo um bom custo/benefício. No caso do Picanto, tudo se agrava porque foi um dos mais prejudicados pelo aumento do IPI. A versão mais barata, 1.0 com câmbio automático parte de R$ 44.900 e acaba encarando diretamente o Fiat 500, com motor 1.4 e dotação de equipamentos semelhante por R$ 43.630 na versão com câmbio dualogic. As desvantagens do Picanto em relação ao rival são a baixa oferta de assistência técnica e a pequena disponibilidade de peças de reposição. Nota 6.
Total – O Kia Picanto automático somou 77 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir - Grande evolução

O Picanto sempre foi um carro simpático. A primeira geração tinha linhas “bonitinhas” e as dimensões enxutas, assim como o bom custo/benefício, fizeram o carrinho ter algum sucesso. A segunda geração solucionou alguns problemas e, de quebra, ficou mais moderna.
O hatch tem no visual um de seus maiores chamarizes, e aliado às cores berrantes do catálogo da Kia, aguça a curiosidade por onde passa. A frente imponente, com contornos definidos, ficou mais masculinizada. Por dentro, o painel totalmente redesenhado ganhou linhas fluidas, que tornam o ambiente contemporâneo e extremamente agradável.
O interior é bem acabado, apesar de um excesso de plásticos. Os encaixes são bons, o que demonstra cuidado na construção do modelo. O isolamento acústico é dos melhores e o rodar mais sólido passa a impressão de se estar num carro de categoria superior. A nova geração ganhou comandos do som no volante e as versões mais caras tem até leds diurnos e teto solar.

A direção muito leve em baixas velocidades denuncia a vocação do Picanto. O carrinho fica mais à vontade no trânsito urbano. Mesmo tendo crescido externamente, o modelo transita em espaços pequenos sem dificuldade. O câmbio automático, no entanto, o torna bem mais pacato.
As marchas são longas e o carro sofre um pouco para embalar. Em aclives, é prudente segurar a terceira marcha e a rotação mais alta – onde ele fica áspero e ruidoso – para garantir o fôlego. Apesar de não comprometer tanto o conforto, o propulsor vibra mais que o antecessor.
A direção elétrica também poderia ser mais progressiva. A redução da assistência é abrupta demais. O volante já é pesado a meros 60 km/h e fica significativamente mais leve logo abaixo desse patamar. A suspensão é bem rígida, como é típico de modelos coreanos.
Isso a faz sofrer um bocado nas ruas brasileiras. O Picanto chacoalha e pula – devido ao entre-eixos curto – ao passar por irregularidades e desencoraja o uso mais desapegado. Foi ela, no entanto, que deu ao Picanto o rodar sólido que faltava ao antecessor – que “sambava” perigosamente em velocidades mais altas. Em asfalto liso, porém, o comportamento é exemplar. O carrinho é bom de curva, ajudado pelos pneus de perfil baixo.

Ficha técnica – Kia Picanto 1.0 12v automático

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 998 cm³, com três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e duplo comando no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio automático de quatro marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência máxima: 80 cv a 6.200 rpm com etanol e 77 cv com gasolina.
Torque máximo: 10,2 kgfm a 4.500 rpm com etanol e 9,6 kgfm com gasolina.
Diâmetro e curso: 71,0 mm X 84,0 mm. Taxa de compressão: 12,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson e traseira do tipo eixo de torção. Molas helicoidais e amortecedores a gás na frente e atrás.
Pneus: 165/60 R14.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Hatch subcompacto em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,59 metros de comprimento, 1,59 m de largura, 1,49 m de altura e 2,38 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais de série, laterais e do tipo cortina como opcionais.
Peso: 970 kg.
Capacidade do porta-malas: 200 litros.
Tanque de combustível: 35 litros.
Produção: Seosan, Coreia do Sul.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2011.
Equipamentos: Airbags frontais, ABS, ar-condicionado, rádio CD Player com entradas USB e para iPod, volante com revestimento em couro e comandos do som, computador de bordo, trio elétrico, retrovisores externos rebatíveis eletricamente, faróis de neblina.
Preço: R$ 44.900.








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