23 de nov. de 2012

Avaliação AMN: Renault Fluence GT – Veloz, mas sem ser furioso


A presença do ator Paul Walker, o Brian da série “Velozes e Furiosos”, acelerando no comercial da TV já adianta: o Fluence GT não é um tunado qualquer. Junto com a sigla “Gran Turismo” vêm motor turbo, câmbio manual de seis marchas alongado, suspensões mais firmes, painel exclusivo e, claro, todo o ornamento estético que caracteriza essa versão como esportiva. Mas será que o primeiro Renault turbinado do Brasil empolga? Acelere com a gente e descubra. 


O que é?
Quem já andou num Fluence sabe que o forte do carro é o conforto. Ele tem espaço de sobra para família, porta-malão, suspensão macia, câmbio CVT que não dá trancos… Opa, mas eis que a marca escolheu justamente o pacato sedã para inaugurar a grife “Renault Sport” no país, com o lançamento da versão GT. E não é só firula visual, como no caso do Sandero que leva a mesma sigla. O sedã até traz uma fantasia (rodas aro 17 com desenho exclusivo, spoilers, saias laterais e aerofólio), mas o que realmente faz valer o sobrenome GT está debaixo do capô: um motor 2.0 16V com turbo de duplo fluxo (como nos BMWs), capaz de 180 cv e generosos 30,6 kgfm – simplesmente o maior torque da categoria, desbancando até o VW 2.0 TSI do Jetta. 


Interessante saber que não se trata de uma versão turbinada do motor usado nos Fluences mais mansos. O propulsor turbo, importado da França, é de outra família, a mesma que equipa o Mégane GT europeu e por aqui o Duster (este na versão aspirada). É um motor de concepção até mais antiga, com bloco de ferro e acionamento do comando por correia – o outro tem bloco de alumínio e comando por corrente –, mas com modificações para suportar a carga extra do turbo, como bielas de aço forjado e bomba de óleo de maior capacidade. A turbina de duplo fluxo garante maior torque em baixas rotações, chegando a operar com 1 bar de pressão máxima – atingida entre 3.000 e 3.500 rpm.
Para lidar com o motor mais forte, a embreagem ganhou disco mais sarado (240 mm) e o câmbio de seis marchas é específico do GT, com diferencial alongado. Molas e amortecedores ficaram mais firmes (a Renault não revelou o quanto) e a barra estabilizadora traseira é mais grossa. Curiosamente, não houve mudança na altura da suspensão, na dimensão dos freios, no acerto da direção e nem na medida dos “sapatos”: seguem os pneus Continental 205/55 R17 da versão Privilége.


Internamente há uma leve decoração esportiva, com destaque para a costura vermelha no couro preto que reveste o volante e os bancos, além do pomo da alavanca de câmbio. Em frente ao passageiro existe um aplique preto brilhante com a sigla GT em vermelho, enquanto as pedaleiras são de alumínio. Outras novidades incluem maior apoio lateral nos bancos e um quadro de instrumentos com velocímetro digital, algo que confere um aspecto mais arrojado à cabine do GT em relação ao Fluence “normal”.

Como anda?
Na estrada, como esperado, gostei da pegada exuberante dos 30,6 kgfm de torque logo a 2.250 rpm. Você vem de quinta marcha e nem precisa reduzir para fazer uma ultrapassagem – basta fincar o pé no porão e deixar que o motorzão faça o resto. Outra coisa legal é que 20 kgfm estão disponíveis já em 1.200 giros, ou seja, basta acelerar um pouco para o GT responder com vigor. Assim, o sedã ganha velocidade muito facilmente e logo nos pegamos acima do limite sem perceber. Isso porque, apesar do motor mais forte, o GT manteve a suavidade ao rodar e o silêncio interno característico do Fluence.


E aí está o grande lance desse caro. Mesmo com desempenho empolgante (0 a 100 km/h em 8,0 s e máxima de 220 km/h nos dados oficiais), ele não é cansativo como alguns esportivos. Pelo contrário: além da boa absorção de impactos, o modelo tem embreagem leve, câmbio de engates macios e direção elétrica macia nas manobras. Dessa forma, o GT surge como ótima opção para quem deseja andar rápido sem abrir mão do conforto.
Na pista da fazenda Capuava, porém, o GT mostrou seus limites. A suspensão suave que agradou na estrada deixou a carroceria balançar um pouco além do desejado (para um esportivo) nas curvas mais fortes, enquanto o ESP acabava com a brincadeira antes do que eu gostaria – ele aceita ser desligado com o carro parado, mas volta a funcionar automaticamente ao passar dos 40 km/h. Então bastava entrar mais “quente” na parte sinuosa do autódromo que a eletrônica tomava as rédeas rapidamente. A direção calibrada para a suavidade também tira um pouco da comunicação com o motorista. Mas isso não quer dizer que não me diverti com Fluence no circuito. Curti as respostas do motor, os engates do câmbio (mesmo quando feitos rapidamente) e a eficiência dos freios. Tanto que dei mais de dez voltas e ainda saí com gostinho de quero mais. 


Quanto custa?
Como nos demais Fluence, a aposta do GT está no custo-benefício. Por R$ 79.370, a versão esportiva oferece os mesmos três anos de garantia e vem com pacote completo de equipamentos: seis airbags, ABS e ESP, ar digital de duas zonas, faróis de xenôn, tela digital com GPS, teto solar e revestimento de couro, entre outros itens. A única opção é pela cor, que pode ser branca, vermelha ou preta. 


Com previsão de emplacar modestas 70 unidades/mês, o GT chega bem posicionado em termos de conteúdo e num setor quase ausente de concorrentes. Os mais próximos seriam o Peugeot 408 THP e o VW Jetta TSI, mas um é menos potente e o outro mais caro, além de só o Fluence ter câmbio manual – algo ainda bem-vindo num esportivo, na minha opinião. O GT pode não ser furioso como o personagem Brian gostaria, mas na vida real acho que Paul Walker não teria do que reclamar.
Por Daniel Messeder, de Indaiatuba (SP)

Ficha técnica – Renault Fluence GT
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.998 cm3, 16 válvulas, turbo, comando de válvulas variável na admissão, gasolina; 
Potência: 180 cv a 5.500 rpm; 
Torque: 30,6 kgfm a 2.250 rpm; 
Transmissão: câmbio manual de seis marchas, tração dianteira; 
Direção: elétrica; 
Suspensão:Independente Mac Pherson na dianteira e eixo de torção na traseira; 
Freios: disco nas quatro rodas, com ABS; 
Peso: 1.341 kg; 
Porta-malas: 530 litros; 
Dimensões: comprimento 4,640 mm, largura 1,902 mm, altura 1,810 mm, entreeixos 2,700 mm; Aceleração 0 a 100 km/h: 8,0 s; 
Consumo:Não divulgado
















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