O fato é que nem o Google, na mesma época, foi tão rápido para encontrar um importante diretor, o que na teoria seria mais fácil do que encontrar um presidente. Segundo algumas revistas de negócios, o suposto motivo da renuncia de Denise foi a pressão feita sobre ela, após a mesma querer mudar alguns projetos como o GSV, o que atrasaria o lançamento. É aqui que entra a questão que quero tratar: a pressa das fabricantes. A ordem é pensar rápido, e agir mais ainda.
Em meados de 2011, indo á Curitiba, passei pela frente da futura fábrica de motores daGM do Brasil, em Joinville. Fazendo pouco tempo que a sede da empresa havia liberado o início das obras, percebi o quanto já estava a todo vapor, com dezenas de máquinas e funcionários trabalhando. Muita organização?
Certamente sim, mas me fez pensar na pressa que algumas fabricantes têm para entrar, estabilizar-se e crescer no mercado brasileiro. A fábrica de Joinville é apenas um de muitos exemplos. Talvez até tenhamos carros muito caros, que não tenham a qualidade dos modelos europeus ou americanos, mas ninguém pode negar que estamos melhorando. E quem vê dessa forma parece estar se dando muito bem.
Sérgio Habib, por exemplo, certamente viu na JAC Motors, que chegou por aqui a pouco mais de um ano, uma oportunidade de ganhar o mercado de maneira inovadora e direta. E inaugurou 50 concessionárias da marca em um mesmo dia no Brasil, havendo uma semana depois mais de 100 pontos de distribuição. Investiu, de chegada, quase R$ 400 milhões para ter, até o final de 2011, três modelos a venda, e viu o compacto J3 sendo um dos mais procurados na categoria.
As chinesas estão buscando cada vez mais espaço em nosso país, e pra quem diz que JAC,Chery e companhia são de péssima qualidade, que deveriam ficar pela China e apenas em países pouco desenvolvidos, e tudo mais que se escuta sobre elas por aí. Gosto de lembrar que Kia e Hyundai eram a quinze anos o que as fabricantes chinesas são hoje.
Além disso, garanto que elas não escolheram o Brasil à toa, e o que não as falta é capacidade de ganhar mercado, seja pelo desenvolvimento de novas tecnologias, seja pela capacidade de empregar ótimas estratégias de marketing, envolvendo publicidades inovadoras e parcerias interessantes.
E não são somente as chinesas. Nunca modelos recém-lançados em países de primeiro mundo vieram parar por aqui tão rapidamente, desde os completamente novos como também os reestilizados, diga-se de passagem, as picapes S10 e Ranger, os hatchs CruzeSport6 e Peugeot 308, os sedans Civic, Elantra e Lancer, e por aí vai. A Nissan já testacarros elétricos nas ruas brasileiras.
A Ford quer modificar mais da metade de sua linha de produtos até o fim de 2013, e o brasileiríssimo Ecosport vai se tornar mundial. Recentemente a GM divulgou, e o Notícias Automotivas inclusive publicou, os detalhes da fábrica de Joinville, que tende a ser um exemplo de sustentabilidade, mais uma tendência mundial. A BMW já praticamente garantiu sua fábrica no Brasil, e teremos dois superesportivos nacionais dentro de pouco tempo, se tudo der certo.
Há quem já esteja garantido e agora quer mais é saber de evoluir, ampliando unidades fabris, como a VW que recentemente anunciou a ampliação da produção da unidade de São Carlos. Há quem ainda queira se garantir, como a Saab que morreu quando estava perto de desembarcar por aqui, e a Mazda que quer voltar em 2013. Há quem já se garantiu e agora quer ver seus carros sendo fabricados em território nacional, e novamente cito JAC Motors e Chery.
O fato é que não se pode mais tratar o Brasil como aquele país que não quer nem necessita de produtos melhores. Falo a quem pensa que nossos produtos são e sempre serão lixo, algo que não concordo. Mas falo principalmente as montadoras, que fazem parcerias “por baixo do pano” com o governo e varrem a sujeira para baixo no tapete.
O fato é que temos tudo o que precisamos para ficarmos no nível de Estados Unidos e Europa, temos tudo para produzirmos superesportivos, carros de luxo e elétricos. Basta apoio, do consumidor, do governo, e principalmente das fabricantes. Pois evoluir sem pensar no consumidor é o mesmo que não sair do lugar.
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